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Secretário de Segurança de Campo Grande elogia Hitler em reunião: 'Admiro'

Anderson Gonzaga da Silva Assis disse que Hitler foi um "ditador", mas que o "admira" Imagem: Reprodução

Colaboração para o UOL, em São Paulo

07/11/2024 19h03

O secretário de Segurança e Defesa Social de Campo Grande (MS), Anderson Gonzaga da Silva Assis, teceu elogios ao ex-ditador da Alemanha Adolf Hitler durante reunião com membros do Romu (Ronda Ostensiva Municipal).

O que aconteceu

Gravação foi feita no início deste ano durante uma reunião do secretário com guardas que realizavam protestos por melhorias salariais, mas veio a público esta semana. No áudio, Assis admite que Hitler "foi ditador", mas que Alemanha se tornou "a potência que é hoje graças" ao líder do nazismo.

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Na ocasião, Assis citou Hitler ao mencionar um suposto vídeo feito por seus críticos em que o comparam ao ditador alemão. "Infelizmente, quando mexe com pessoa, com seres humanos, cada um pensa de um jeito. Eu tenho a minha consciência. Fizeram até um videozinho meu aí na internet me chamando de Hitler... Eu até admiro Hitler, porque [ele] foi um cara inteligente".

Em seguida, o secretário diz que gostaria de "ser um terço" do que Hitler foi. "A Alemanha é a potência que é hoje graças ao Hitler... [Ele era] estrategista, um cara inteligente... Foi ditador, sim... Conquistou o que conquistou graças às estratégias e à inteligência dele... Eu queria ser um terço daquele líder".

Após a repercussão do áudio, Assis, por meio da assessoria da prefeitura de Campo Grande, disse que sua fala se deu em um contexto no qual se "defendia sobre uma montagem maldosa de um vídeo no qual eu era comparado a Hitler". Ainda, o secretário afirmou que "em nenhum momento teve a intenção de fazer apologia a ideologias extremistas ou a figuras como Hitler". (Veja a íntegra da nota no final da matéria).

Reações

A divulgação do áudio de Anderson Gonzaga da Silva Assis com elogios a Adolf Hitler gerou repercussões em Campo Grande. Por meio de nota, a prefeitura municipal informou que o secretário será ouvido pela Controladoria-Geral do Município. A pasta afirmou que o chefe da Segurança da cidade poderá prestar esclarecimentos, "respeitando o devido processo e garantindo a imparcialidade da análise".

Ministério Público do Mato Grosso do Sul abriu investigação para apurar a fala do secretário. O órgão disse que foi instaurado uma notícia de fato pelo Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial que vai analisar o conteúdo.

Sindicato dos Guardas Municipais de Campo Grande manifestou apoio a Assis — o secretário também é GCM. O órgão afirma que "não há base para a acusação de apologia ao nazismo" e pede para que a fala de Assis seja "analisada com mais cautela". "Independentemente dos desentendimentos políticos passados, o secretário não deve ser alvo de justiçamento público".

Apologia ao nazismo é crime

A legislação brasileira considera crime a apologia ao nazismo, conforme lei nº 7.716/1989, com pena prevista de um a cinco anos de reclusão, além do pagamento de multa.

O que diz a lei?

  • Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: de um a três anos.
  • Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. Pena: reclusão de ate cinco anos.

Veja a íntegra da nota divulgada pelo secretário

"É importante esclarecer que o tema surgiu durante uma fala na qual eu me defendia sobre uma montagem maldosa de um vídeo no qual eu era comparado a Hitler. Em nenhum momento minha intenção foi minimizar as atrocidades cometidas por Hitler e seu regime. No momento em que me defendia, o que tentava destacar, era uma análise do contexto estratégico de um período histórico específico. É fundamental ressaltar que o tema não foi abordado em nenhum momento com a intenção de fazer apologia a ideologias extremistas ou a figuras como Hitler. A fala foi retirada de contexto. Foi um momento isolado em que eu tentava justificar uma situação pessoal e, por um erro de comunicação, acabei sendo mal interpretado por alguns.

Lamento profundamente qualquer desconforto que possa ter causado e reitero meu compromisso com os valores de respeito, ética e humanismo, que são fundamentais para o ambiente de trabalho que todos nós buscamos construir e manter. Sigo com a mesma dedicação no sentido de promover um diálogo construtivo, e agora mais vigilante e consciente de seu impacto. Agradeço a compreensão de todos e me coloco à disposição para quaisquer esclarecimentos adicionais."

Atenciosamente,
Anderson Gonzaga da Silva Assis

Secretário Especial de Segurança e Defesa Social

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