Justiça absolve PM apontado como autor do disparo que matou Ágatha Felix
Do UOL, em São Paulo
09/11/2024 08h39Atualizada em 09/11/2024 12h50
Após decisão do júri popular, o juiz Cariel Bezzera Patriota absolveu na madrugada deste sábado (9) o PM Rodrigo José de Matos Soares, apontado como autor do disparo que matou a menina Ágatha Felix, de 8 anos, durante ação da polícia no Complexo do Alemão, no Rio, em setembro de 2019. O Ministério Público e a defesa da família vão recorrer.
O que aconteceu
Os sete jurados do caso consideraram que o policial não teve intenção de matar a menina. O julgamento no 1º Tribunal do Júri começou na sexta-feira e durou mais de 12 horas. Para as pessoas sorteadas para decidir sobre o caso, Soares de fato efetuou o disparo, mas o assassinato foi acidental.
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A sentença se baseou na decisão dos jurados:
Ante o exposto, atendendo à vontade soberana do Egrégio Conselho de Sentença desta comarca, julgo IMPROCEDENTE a acusação e absolvo RODRIGO JOSÉ DE MATOS SOARES da acusação pela prática do crime previsto no art. 121 [homicídio] §2º, incisos I e IV n/f do art. 73 do Código Penal.
Cariel Bezzera Patriota, juiz
Defesa de Soares defendeu que a PM foi atacada na UPP da Fazendinha, dentro da comunidade, naquela noite. Por volta das 22h, soldados lotados no local teriam revidado o ataque, resultando na morte de Ághata.
MP e advogado da família de Ágatha disseram que irão recorrer. "Estou com um sentimento de tristeza e nojo dessa sociedade que aceita mansamente a morte de crianças", escreveu no X Rodrigo Mondego, que representa a família. O MP se manifestou contra a decisão do júri ainda no tribunal, conforme a sentença.
Perícia contradiz versão
A versão do PM não foi confirmada pela perícia. Segundo a Delegacia de Homicídios da Capital, não houve confronto nem outras pessoas armadas no momento do disparo: Soares e outro PM teriam confundido uma esquadria de alumínio carregada na garupa de uma moto com uma arma, e, então, disparou.
Um dos tiros ricocheteou num poste, atingiu a traseira da Kombi onde estava Ághata. De acordo com a perícia, o estilhaço do projétil causou a morte da menina ao perfurar suas costas e sair pelo tórax.
Como foi o julgamento
PMs repetiram a versão de que foram atacados. As cinco testemunhas ouvidas na audiência contestaram a versão policial. Depois, foi a vez de dois peritos esclarecerem detalhes da investigação.
O júri entendeu que Soares mentiu em suas primeiras versões, mas considerou que o disparo "foi sem intenção de matar".
Antes da audiência, a mãe de Ágatha, Vanessa Salles, disse que esperava justiça. "Há 5 anos, eu e a minha família aguardamos por este dia. Não está sendo fácil. [É] Até uma resposta para toda a sociedade, para todos aqueles que choraram junto conosco. (...) Que o réu venha pagar pelo que ele fez", disse ela ao Bom Dia Rio, da TV Globo.