Conteúdo publicado há 30 dias

Dados de delação de homem morto em aeroporto devem ser entregues à polícia

O Ministério Público de São Paulo vai pedir o compartilhamento dos dados da delação de Vinícius Gritzbach com os órgãos policiais que investigam a morte dele. O homem foi assassinado no Aeroporto de Guarulhos na sexta-feira (8).

O que aconteceu

Provas podem ajudar autoridades na investigação do homicídio, diz promotor. Ao canal GloboNews, Lincoln Gakiya afirmou que Vinícius fez "várias declarações" ao MP no processo de delação premiada.

Órgão também vai pedir para acompanhar investigações. Segundo Gakyia, o Ministério Público vai buscar acompanhar os trabalhos da Polícia Civil e também das corregedorias, que registraram a participação de policiais na segurança privada de Gritzbach.

Delator se negou a entrar no programa de proteção a testemunhas porque sistema "não se enquadrava no seu estilo de vida". Gakiya afirmou que Vinícius negou, na presença de advogados, a proteção do estado, afirmando que poderia arcar com os próprios custos de segurança.

Brasil passa pelo que a Itália viveu com a máfia em 1990. Para o promotor, a decisão de matar um delator à luz do dia no maior aeroporto do Brasil faz parte da estratégia de máfia do PCC. "Com certeza isso foi um recado. Eles podiam ter atingido o Vinícius em um outro local, talvez menos movimentado, com menos risco para os executores", afirmou.

Embora soubesse que corria risco, ele dizia que poderia custear a sua própria segurança. Ele também dizia que [o sistema de proteção a testemunhas] não se enquadrava no seu estilo de vida, no que se propunha para este programa de colaboração, que era de romper todos os laços da sua vida, inclusive de envolvimento com o crime.
Lincoln Gakiya, promotor do MP, à GloboNews

Como foi o crime

Gritzbach voltava de Maceió. O empresário deixou Alagoas rumo a São Paulo e desembarcou no aeroporto de Guarulhos após voltar de uma viagem com a namorada e o motorista particular dele na tarde de sexta-feira (8).

Suposto problema em um dos carros da escolta do empresário. A segurança era feita por quatro policiais militares contratados por Gritzbach e que foram afastados do serviço após o assassinato. Segundo a Polícia Civil, o Volkswagen Amarok apresentou uma falha e foi deixado em um posto de combustível sem acessar a área de desembarque. A investigação irá apurar se houve mesmo falha mecânica ou se episódio pode estar relacionado com o crime.

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Filho e amigo de Gritzbach foram levados do local pelos seguranças particulares do empresário. Eles chegaram ao terminal 2 no veículo Trailblazer, o outro veículo da escolta.

Assim que deixou o saguão do aeroporto, o empresário foi assassinado por dois homens encapuzados com fuzis. Os atiradores entraram em um Gol preto e fugiram do local. Gritzbach foi atingido por dez tiros.

As imagens mostram, no meio do tiroteio, passageiros correndo com suas malas e funcionários tentando escapar.

Namorada do empresário deixou o local antes da chegada da polícia. Ela foi embora com um dos PMs que integrava a escolta do empresário, foi ouvida pelas autoridades e teve o celular apreendido.

O veículo que teria sido no crime foi abandonado nas imediações do aeroporto ainda na sexta-feira (8). Dentro dele, havia munição de fuzil e um colete à prova de balas.

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PMs que faziam a escolta do empresário morto prestaram depoimento e tiveram os seus celulares apreendidos. Os agentes foram identificados como Leandro Ortiz, 39, Adolfo Oliveira Chagas, 34, Jefferson Silva Marques de Sousa, 29, e Romarks César Ferreira de Lima, 35. Eles não foram localizados para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.

A polícia investiga se a vítima foi assassinada a mando do PCC. Mas não descarta outras possibilidades, como queima de arquivo, já que havia assinado acordo de delação premiada e tinha vários inimigos agentes públicos, a quem disse ter pago altos valores em propinas.

Vítima era pivô de guerra no PCC

Ameaçado pelo PCC já havia escapado de um atentado no Natal de 2023. O ataque ocorreu no prédio onde ele morava no Jardim Anália Franco, no Tatuapé, na zona leste da capital paulista. Na ocasião, um atirador disparou quando Gritzbach se aproximou da janela para fazer uma filmagem com o celular. Ninguém se feriu. O empresário passava o Natal com o pai, filhos e tios.

Empresário morto e policial penal David Moreira da Silva, 38, foram acusados pelo MP pelos assassinatos de dois membros do PCC. Segundo investigações, Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, havia entregue R$ 40 milhões ao empresário para que investisse em criptomoedas, mas o dinheiro não foi devolvido.

Cara Preta então passou a exigir a prestação de contas e a devolução do dinheiro. Ele e Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue, foram mortos em dezembro de 2021. Noé Alves Shaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado no mês seguinte.

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Segundo o MP, Cara Preta era um integrante influente do PCC e envolvido com o tráfico internacional de drogas. Já Sem Sangue era o motorista e braço direito dele. O empresário e o policial penal sempre negaram envolvimento nos assassinatos.

Denunciado pela Justiça, Gritzbach chegou a ficar preso pelos assassinatos, mas respondia ao processo em liberdade. Ele deixou a Penitenciária 1 de Presidente Venceslau (SP) em junho de 2023, usando tornozeleira eletrônica. Na época em que esteve preso, o advogado do empresário dizia que ele poderia ser assassinado na prisão por integrantes da facção criminosa.

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