Cara Preta, Sem Sangue, Japa: quem é quem no caso do delator do PCC
Do UOL, em São Paulo
16/11/2024 05h30Atualizada em 16/11/2024 08h13
O delator Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, morto no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, na última sexta-feira (8), entregou esquemas criminosos do PCC (Primeiro Comando da Capital) em depoimentos prestados ao MPSP (Ministério Público de São Paulo).
Gritzbach entregou ao MP uma lista de dezenas de imóveis de luxo comprados a preços milionários por narcotraficantes do PCC na zona leste paulistana e em Bertioga, no litoral de São Paulo.
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Ele também detalhou aos promotores de Justiça o esquema de agenciamento de jogadores do Corinthians e de outros times do futebol paulista, realizado pela mesma quadrilha da facção criminosa.
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach era empresário do ramo imobiliário e lavava dinheiro de integrantes do Primeiro Comando da Capital. Gritzbach foi acusado pelo MPSP pelo assassinato de Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o "Cara Preta" e Antônio Corona Neto, 33, o "Sem Sangue". Ele teria planejado o crime com o agente penitenciário David Moreira da Silva.
Na denúncia oferecida contra os dois acusados, o MP diz que Gritzbach trabalhava com imóveis e operações com bitcoins e, após conhecer Cara Preta, passou a realizar negócios com ele e fazer investimentos para a vítima. Cara Preta suspeitou que o empresário estava subtraindo parte dos valores investidos por ele. O integrante do PCC teria começado a cobrá-lo e a exigir a prestação de contas das operações realizadas e também a devolução do dinheiro.
Cara Preta e Sem Sangue
Segundo o MPSP, Cara Preta era um integrante do PCC envolvido com o tráfico internacional de drogas e outros delitos. Já Sem Sangue era o motorista e braço direito dele. Eles foram mortos a tiros às 12h10 de 27 de dezembro de 2021, em frente ao número 110 da rua Armindo Guaraná, no Tatuapé, zona leste paulistana.
Noé Alves Schaum
Noé Alves Schaum, 42, é acusado de matar o Cara Preta e Sem Sangue. Ele foi assassinado em 16 de janeiro de 2022, no mesmo bairro. Noé foi esquartejado por um integrante do PCC conhecido como Klaus Barbie, uma referência ao oficial nazista que atuou na França ocupada durante a 2ª Guerra, onde se tornou o Carniceiro de Lyon. A cabeça de Schaum foi deixada na mesma praça onde Cara Preta e seu motorista, Antonio Corona Neto, o Sem Sangue, foram executados. Já o corpo foi deixado em Suzano, na Grande São Paulo.
David Moreira da Silva
O agente penitenciário David Moreira da Silva foi preso em fevereiro de 2023, suspeito de participar das mortes de Cara Preta e Sem Sangue. O agente era monitorado pelo do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais), unidade da Polícia Civil de São Paulo, e foi preso em uma ação conjunta em Alagoas. Vinícius e David sempre negaram participação no duplo homicídio.
Django
Até o início de 2022, o traficante de drogas Cláudio Marcos de Almeida, 50, o Django, um dos maiores acionistas de uma empresa de ônibus de São Paulo, era um dos homens fortes do PCC nas ruas e gozava da confiança dos integrantes da cúpula da facção criminosa.
O respeito dispensado a Django pela bandidagem acabou em 23 de janeiro do ano passado, quando ele foi enforcado pelo "tribunal do crime" do PCC e teve o corpo jogado sob o viaduto da Vila Matilde, na zona leste paulistana. Era mais uma baixa na guerra interna da organização. Gritzbach delatou ao MPSP que intermediou a compra de dois imóveis em Riviera de São Lourenço, em Bertioga, para Cláudio Marcos de Almeida, o Django, sócio de Cara Preta.
Japa
Rafael Maeda Pires, 31, o Japa, apontado pelo MPSP como homem forte do PCC até maio de 2023, quando foi encontrado morto no Tatuapé, zona leste paulistana, agenciava jogadores de times grandes do futebol paulista. A delação de Gritzbach sinaliza que Japa intermediou o agenciamento de vários jogadores de futebol, ex-atletas do Corinthians. As negociações aconteceram em 2021. Segundo investigações, Japa foi encontrado morto com dois ferimentos na cabeça dentro de um Corolla preto blindado no subsolo do edifício comercial Castelhana Offices.
Cebola
Silvio Luiz Ferreira, o Cebola, era sócio de Django e de Cara Preta. Segundo a delação, ele teria comprado, em nome de um advogado, um apartamento no Edifício Camille e outro no Figueiras Altos do Tatuapé. O prédio tem 50 andares e é o residencial mais alto de São Paulo. Cebola, Django e Cara Preta são apontados como os maiores acionistas da UPBus, empresa de ônibus investigada por envolvimento em lavagem de dinheiro do PCC. O trio também foi acusado de comandar o tráfico de drogas na Favela Caixa D'água, na região de Ermelino Matarazzo.