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Tentativa de abuso fez Ilana Casoy pesquisar crimes: 'Tenho que me perdoar'

Colaboração para o UOL, em São Paulo

27/11/2024 05h30

A escritora e criminóloga Ilana Casoy revelou que se dedicou a estudar o perfil psicológico de criminosos após sofrer uma tentativa de abuso sexual. No Alt Tabet, do Canal UOL, ela explicou que na época era uma adolescente, quando um professor tentou abusá-la dentro de um carro.

Casoy relatou que estudava "em um colégio importante de São Paulo" e que esse professor era renomado na instituição. "Tive uma séria tentativa de abuso sexual por um professor importante, notório dessa escola. Eu tinha 15 anos, ele veio fazendo umas perguntas, disse que morava do lado [de onde moro], e num dado momento ele falou: 'Essa escola é careta, professor não pode dar carona para aluno, você vai pegar ônibus, mas se você me encontrar na esquina, eu te levo porque moro do lado'".

Ilana explicou que não desconfiou das más intenções do professor e aceitou a carona. "Eu falei 'claro, professor'. E fui. Quando entrei no carro a conversa começou a complicar. Ele começou a perguntar o que eu achava dele. Fiquei desconfortável. Fui me virando no carro, ficando mais de costas para a porta, com medo, preocupada... Estava se aproximando da minha casa, ele entrou em uma rua que era do lado, ele parou o carro, veio para cima de mim, eu já estava com a mão na porta, abri e cai na rua. Corri, mas eu corri, corri, cheguei na minha casa ofegante".

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A então estudante contou ao pai o corrido, que no primeiro instante quis matar o professor, mas depois foi essencial para ajudá-la a investigar o passado criminoso do docente. "Eu contei o que tinha acontecido. E ele [meu pai] foi um grande salvador para mim, meu pai falou que ele [o professor] era o culpado. E essa foi minha primeira investigação de crime em série... Muitas meninas [foram vítimas dele]. Algumas conseguiram escapar, como eu. Fiz uma lista, fui com minha mãe [denunciar na direção da escola] e esse professor nunca mais deu aula para meninas, só para meninos, foi a 'pena' que a escola deu para ele. Isso me abriu essa questão do criminoso em série e estudando fui entendendo o que significa".

Ilana revela característica comum entre assassinos: 'Infância detonada'

Ela destacou que criminosos têm em comum o que ela chama de "infância em vermelho". "Uma infância muito detonada, desestruturada, em termos psicológicos e sociais. Isso é uma coisa que chama a atenção, que não determina, mas que colabora [para o comportamento criminoso]. Em geral, abusadores sofreram abusos, também foram vítimas, o que é um paradoxo. Eles têm esse denominador comum. Não tinham família estruturada, muita exclusão, preconceito".

A criminóloga citou uma pesquisa feita na década de 1970 pelo FBI sobre características em comum dos criminosos. "A pesquisa mostra que estatisticamente coisas que assassinos têm em comum, como piromania (colocar fogo nas coisas), maltratar animais na infância, fazer xixi na cama até idade muito avançada. Agora, nada disso é determinante. Não é porque uma pessoa fez xixi na cama até os 12 anos que ele vai matar. Não determina, mas estatisticamente são coisas em comum e esses caras têm alguns desses traços".

Ilana Casoy conta motivos que levam mulheres a se relacionarem com presos

Para a criminóloga, a mulher acredita que pode monitorar seu companheiro quando ele está no presídio. "Ela tem controle sobre a situação e para uma mulher controladora pode ser fascinante ter uma relação assim com um preso".

Illana ressaltou também outras motivações, como o fato de a mulher achar que vai "consertar, que vai mudar" o comportamento criminoso do preso. "[Ela pode pensar que] 'comigo ele vai ser diferente', [além do] controle porque o cara que está preso, ela tem controle total, vai visitar o dia que quer, leva a comida que achar boa, conversa o que acha que deve ser conversado, o controle é total".

Alt Tabet no UOL

Toda quarta, Antonio Tabet conversa com personagens importantes da política, esporte e entretenimento. Os episódios completos ficam disponíveis no Canal UOL e no Youtube do UOL. Assista à entrevista completa com a criminóloga Ilana Casoy :

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