OpiniãoCotidiano

Reinaldo: Tarcísio diz o certo sobre câmera, mas vive seu patético momento

Chega a ser patético o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) admitir erro depois de se opor ao uso de câmeras corporais por PMs de São Paulo, opinou o colunista Reinaldo Azevedo no Olha Aqui, do Canal UOL, nesta quinta-feira (5).

Hoje nós temos um aumento do número de mortes policiais, dobrou o número de vítimas da polícia, a insegurança pública toma as almas das pessoas e o senhor me vem com essa manifestação, que em si eu aplaudo, mas eu tenho que dizer: que patético momento, não, governador? Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

O governador de São Paulo era contrário ao uso das câmeras. Durante a campanha eleitoral de 2022, ele chegou a dizer que retiraria "com certeza" o equipamento do uniforme dos policiais.

Depois, recuou e foi pressionado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que pediu explicações sobre o seu uso. Agora, após a escalada de violência cometida por agentes militares, o político disse que "tinha uma visão equivocada" e entende que as câmeras são "instrumento de proteção da sociedade e do policial".

Por que o senhor estava errado? Como o senhor conseguiu errar a respeito disso? Quantas vezes o mundo perguntou, o Brasil perguntou ao senhor. Quem não quer câmera? Que policial honrado não quer câmera? Sabendo que a câmera protege também o policial, inclusive de ações judiciais.

O senhor foi contra a câmera porque o seu patrão político [ex-presidente Jair Bolsonaro] é contra a câmera. O senhor foi contra a câmera porque o senhor estava interessado em assolar, em instigar a cachorrada fascistoide da extrema direita que não queria saber de direitos humanos coisa nenhuma. Porque aqui é o seguinte: 'bandido é bandido do bom e do morto'. Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

No Olha Aqui, Reinaldo também destacou as consequências da postura anterior do governador.

Não adianta ele vir agora, quer dizer, adianta. Tomara que ele compre as câmeras. Tomara que ele compre as câmeras, que isso não seja papo furado. Mas quantas vezes ele foi advertido disso?

Então, eu vou aplaudir a sua decisão correta, mas não vou deixar de falar do seu passado e das suas escolhas. Sabe por quê? Porque o seu passado e as suas escolhas fizeram cadáveres.

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O seu passado e as suas escolhas deixaram pais sem filhos, deixaram famílias sem pai. Deixaram mulheres sem maridos. Houve inocentes que morreram nessa aventura. A população sabe que está tendo de se proteger dos bandidos e dos maus policiais.
Reinaldo Azevedo, colunista do UOL

SP deve explicar uso das câmeras ao STF

Em novembro, o ministro Luís Roberto Barroso, do STF, solicitou esclarecimentos sobre o uso de câmeras corporais pela Polícia Militar de São Paulo.

O requerimento do ministro é no âmbito de uma ação protocolada pela Defensoria Pública de São Paulo para reverter a decisão do TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) que suspendeu o uso obrigatório de câmeras corporais em operações policiais no estado.

Barroso rejeitou o pedido da Defensoria, pois considerou que o governo paulista já tinha assumido o compromisso de efetivar o uso das câmeras, e que, portanto, não seria necessária ordem judicial.

As novas câmeras adquiridas pelo governo do estado não gravam ininterruptamente. O contrato com a antiga fornecedora dos aparelhos se encerrou em julho, e as câmeras novas, da Motorola Solutions, podem ser ligadas e desligadas pelos próprios policiais.

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A PM publicou uma portaria estabelecendo que os agentes devem ativar os dispositivos durante todas as ações. Mas entidades especializadas criticaram a mudança. "A PM deixa a cargo dos própios policiais a escolha sobre o acionamento das câmeras, o que pode diminuir os efeitos positivos do programa", diz nota assinada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Instituto Sou da Paz e outras entidades.

Escalada de violência policial

Dois casos ganharam repercussão apenas nas últimos dias: no domingo (1º), Gabriel Renan da Silva Soares, sobrinho do rapper Eduardo Taddeo, foi morto por um policial militar que estava de folga em frente ao mercado Oxxo, no Jardim Prudência, zona sul da capital paulista. No mesmo dia, outro agente foi gravado em vídeo arremessando um homem de uma ponte em uma abordagem, em Diadema, na Grande São Paulo. Neste caso, a vítima sobreviveu.

A PM matou 474 pessoas durante ações policiais no estado de São Paulo, entre janeiro e setembro deste ano, segundo dados contabilizados pela própria Secretaria de Segurança. A maioria dos alvos (64%) é formada por pessoas negras (255 pardos e 51 pretos). Ainda há 143 vítimas identificadas como brancas, enquanto as outras 25 pessoas não tiveram a cor da pele registrada.

O levantamento feito pelo UOL mostra ainda que 99% das vítimas são homens, como o estudante Marco Aurélio Cardenas Acosta. A capital paulista lidera a lista de mortos com 122 casos, seguida de Santos, com 36, e São Vicente, 29.

O Olha Aqui! vai ao ar às segundas, quartas e quintas, às 13h.

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