ViaMobilidade demite 6 agentes envolvidos em ação que matou homem asfixiado
Seis funcionários da ViaMobilidade foram demitidos na quarta-feira (4), 23 dias após a morte de um passageiro agredido por agentes de segurança na estação Carapicuíba, da Linha 8-Diamante, na Grande São Paulo. Jadson Vitor de Souza Pires, 30, sofreu asfixia mecânica e politraumatismo.
O que aconteceu
Concessionária diz que sindicância interna aguardava liberação do laudo do IML. Todos os demitidos, que não tiveram os nomes divulgados, estavam envolvidos na "contenção" da vítima, segundo a ViaMobilidade, que ainda alega que eles estavam afastados desde o dia da ocorrência. Um dos agentes foi preso na quarta.
Empresa argumenta que investigação interna concluiu que funcionários descumpriram diversas diretrizes. Segundo a ViaMobilidade, o código de conduta, os protocolos de atendimento e treinamentos fornecidos pela companhia não foram seguidos pelos agentes.
Em nota, a empresa também disse que iniciou processo de reciclagem com todo o efetivo de agentes. Ainda haverá reforço "na capacitação voltada ao atendimento de pessoas em situação de vulnerabilidade ou sob o efeito de substâncias entorpecentes". "Adicionalmente, aumentou o rigor das medidas disciplinares e instaurou a obrigatoriedade de justificativa formal sempre que houver a necessidade de uso da força no exercício das atividades."
"A concessionária repudia qualquer forma de violência e expressa mais uma vez suas sinceras condolências à família de Jadson, com quem está em contato e ofereceu assistência em diversas ocasiões desde que ele foi identificado", finalizou a companhia.
Como os nomes dos demitidos não foram divulgados, a reportagem não conseguiu encontrar as defesas para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.
Relembre o caso
Jadson tentava entrar na estação sem pagar quando levou uma rasteira de um dos agentes. Anteriormente, a ViaMobilidade disse que Jadson estava "bastante agitado", não respondia às orientações e foi "contido após invadir a linha de bloqueio por várias vezes".
No chão, ele foi chutado por um homem de preto, que mais tarde foi identificado como um agente da GCM (Guarda Civil Metropolitana) à paisana. A ViaMobilidade apontou que ele não tem nenhuma relação com a operação da concessionária.
Outra câmera flagrou o momento em que Jadson é imobilizado com violência por três agentes. Em outro momento, os seguranças aparecem fazendo massagem cardíaca na vítima. Uma equipe do Samu também aparece nas imagens para fazer o resgate.
Na quarta, a polícia prendeu o agente que pode ter causado a morte de Jadson. A detenção é temporária —válida por 30 dias, com possibilidade de prorrogação por igual período. "Outros três suspeitos prestaram depoimento na quarta-feira (4) e continuam sendo investigados", informou a SSP-SP (Secretaria de Segurança Pública de São Paulo).
O laudo do IML (Instituto Médico Legal) foi encaminhado à autoridade policial e anexado ao inquérito. Inicialmente o caso foi registrado como morte súbita acidental, mas o laudo do IML indicou morte por asfixia.
Incompatibilidade com informações dadas por seguranças à polícia. O documento do IML contradiz a versão formalizada em boletim de ocorrência, quando seguranças da ViaMobilidade afirmaram que fizeram manobras de imobilização "somente nas pernas e nos braços da vítima".
*Com Estadão Conteúdo
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