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Josias: Prisão de PM é necessária e faz crer que estado tenta conter surto

A prisão do PM Vinícius de Lima Britto, gravado matando um jovem negro com tiros nas costas em São Paulo, revela uma tentativa do governo do estado de São Paulo em frear a escalada dos casos de violência policial, afirmou o colunista Josias de Souza no UOL News desta sexta (6).

O Ministério Público já havia se manifestado a favor da prisão do agente, que foi levado para o presídio Romão Gomes. O MP disse que o soldado já havia cometido outras mortes em circunstâncias semelhantes - ele é investigado por outras três mortes em dez meses de atividade policial.

[A prisão do PM] É uma resposta mesmo para aquele pedaço da sociedade que avaliza a violência policial como se isso fosse solução. Não é. Não há melhor remédio contra o crime do que a punição. Em circunstâncias normais, a sensação de impunidade é muito nefasta. Quando aqueles que defendem a aplicação contra o crime se sentem impunes, o cenário é de depravação completa.

É preciso deter essa depravação, muito presente nessa conjuntura de São Paulo. É muito impressionante essa avassaladora sequência de episódios que transformam a deterioração da força policial em um surto, em uma epidemia de violência que precisa ser contida.

Como se trata de uma investigação policial, o risco de o investigado atrapalhar a investigação é latente, assim como uma reação corporativa de proteção a esse suposto agente da lei. Há a necessidade de assegurar a tranquilidade social, como prevê o Código Penal. A prisão é absolutamente justificável, necessária e tenta fazer crer que o estado age para interromper esse surto de violência inaceitável. Josias de Souza, colunista do UOL

Josias questionou a eficiência do sistema de avaliação da PM, já que Vinícius entrou para a corporação mesmo tendo sido reprovado nos exames psicológicos.

Esse aspecto é muito relevante e mostra que não basta prender, investigar e julgar esse tipo de personagem. É muito importante verificar o processo de seleção. Como ele virou policial? Passou no teste físico, mas foi reprovado no psicológico em termos eloquentes.

Vi o laudo e é algo muito impressionante. Diz que ele apresentava aspectos de impulsividade, tendendo a agir fortemente por meio de condutas instáveis, imprevisíveis. Havia a possibilidade de ele agir sem reflexão diante de inesperados. Foi tudo o que aconteceu nessa cena.

Realmente é preciso submeter a uma revisita esse processo de seleção dos policiais. Alguém reprovado em um teste psicológico pode virar policial? Com esses termos acomodados no laudo, não. Alguém com esse tipo de comportamento jamais pode portar uma arma e vestir o uniforme de policial.

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Além de punir, é preciso reformar esse processo de ingresso na carreira policial e também o treinamento desses agentes. Josias de Souza, colunista do UOL

Tales: Erro original foi manter arma de PM investigado por outras mortes

Foi um erro manter armado o PM Vinícius de Lima Britto, gravado matando um jovem negro com tiros nas costas em São Paulo, mesmo com o agente sendo investigado por outras mortes em sua carreira policial, disse o colunista Tales Faria.

Há um erro original e devemos refletir sobre ele. Somente em dez meses esse policial é suspeito de três mortes. Em outros países, quando um policial é investigado por mortes, recolhe-se a arma do cidadão e ele é afastado das ruas. Acabando a investigação, ele recebe a arma de volta. É esse o tratamento que deve ser dado a um tipo como esse.

Ele não poderia estar armado. Ao deixar esse sujeito assim, ele arruma um bico em um mercadinho e bota a arma na cintura; passa um garoto correndo e ele, despreparado, pega e dá onze tiros. O erro original é deixar um policial, quando está sendo investigado por ter matado gente, continuar usando uma arma. Tales Faria, colunista do UOL

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Tales: Problema do Tarcísio é Derrite, não só as câmeras

Além da polêmica em torno do uso das câmeras corporais nos uniformes dos policiais militares, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tem em Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública, um de seus maiores problemas, analisou Tales Faria.

Suspeito que a essa altura do campeonato Tarcísio tenha se convencido não só do problema das câmeras, mas que o grande problema dele é o Derrite. Ele não pode se livrar dele. Derrite foi o mentor dessa política das câmeras e sempre defendeu que não faz sentido usá-las. É um homem da política do 'bandido bom é bandido morto'.

O governador não pode se livrar do Derrite porque ele foi indicação pessoal de Jair Bolsonaro, o homem que fez de Tarcísio candidato ao governo de São Paulo e lhe entregou os votos do bolsonarismo. Tarcísio pode voltar atrás, dizer que acredita nas câmeras, mas terá sempre o Derrite. Tales Faria, colunista do UOL

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