Caso Gritzbach: Policial usou viatura adulterada no aeroporto, diz TV

Um policial civil foi flagrado usando uma viatura da corporação descaracterizada e com placa adulterada enquanto circulava pelo aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, horas antes do assassinato do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, delator do PCC (Primeiro Comando da Capital), em 8 de novembro. As informações são do Fantástico (TV Globo).

O que aconteceu

Carro foi flagrado passando pela área de desembarque do terminal 2 às 14h06. Minutos depois, o automóvel foi visto em uma rodovia que dá acesso ao aeroporto e é possível ver a placa adulterada, aparentemente com uma fita, onde a letra "F" (original) é trocada para "A". O automóvel era conduzido pelo investigador Alfredo Alexander Raspa da Silva, segundo a emissora.

Minutos depois, após deixar o carro no estacionamento do terminal 2, ele caminha pelo local onde pouco tempo depois Gritzbach seria morto. No entanto, a emissora apurou que o voo dele partiria do terminal 1 (que também tem estacionamento), e não do 2 — são 3 km de distância entre um e outro.

Cerca de 40 minutos após assassinato, Alfredo volta a aparecer no terminal 2, com o celular na mão. Ele se aproxima, levanta o celular e aparenta tirar uma foto do corpo do empresário. Depois caminha mais e tira outra, desta vez, com ele no quadro. Alfredo ainda andou novamente e tirou outra fotografia, repetindo o ato mais de uma vez. Apesar de andar pelo local, ele não conversou com nenhum agente que atendia a ocorrência.

No dia do crime, a viatura foi utilizada sem constar nos registros da corporação. À Corregedoria, o investigador disse, segundo o Fantástico, que fez uso particular de um carro oficial para ir ao aeroporto, acrescentando que fez a adulteração para não ser descoberto.

Ele ainda afirmou que estava de férias e foi ao local para pegar um voo para Porto Alegre, onde passaria dois dias, mas que perdeu a viagem. Alfredo, bem como a viatura, são do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais). Gritzbach delatou policiais civis do departamento, mas, segundo a emissora, o nome do agente não consta na delação.

Ao Fantástico, o investigador disse que confundiu o terminal onde pegaria o voo. Alfredo argumentou que planejava a viagem desde setembro e ficou no aeroporto até as 20h do mesmo dia porque tentou comprar uma nova passagem, mas acabou desistindo em razão do preço. O policial falou que tirou as fotos por interesse profissional e assumiu que errou ao usar o veículo para fins particulares. Ele também negou conhecer Gritzbach e ter envolvimento com o crime.

Na noite deste domingo, a Secretaria da Segurança Pública afirmou à TV Globo que o investigador está afastado das suas funções.

Como foi o crime

Gritzbach voltava de Maceió. O empresário deixou Alagoas rumo a São Paulo e desembarcou no aeroporto de Guarulhos após voltar de uma viagem com a namorada na tarde de 8 de novembro.

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Assim que deixou o saguão do aeroporto, o empresário foi assassinado por dois homens encapuzados com fuzis. Os atiradores entraram em um Gol preto e fugiram do local. Gritzbach foi atingido por dez tiros.

O veículo que teria sido usado no crime foi abandonado nas imediações do aeroporto ainda no dia 8. Dentro dele, havia munição de fuzil e um colete à prova de balas.

Dois suspeitos de envolvimento no crime. O primeiro identificado foi Kauê do Amaral Coelho, 29, apontado como olheiro no crime. Já o segundo suspeito é Matheus Augusto de Castro Mota, que seria responsável por fornecer os veículos usados na fuga dos outros envolvidos no assassinato. Ambos são procurados pela polícia.

Apenas na sexta-feira (6), quatro semanas após o assassinato, dois homens foram presos —eles não estavam entre os dois nomes de suspeitos divulgados pela polícia anteriormente. No entanto, menos de 24 horas depois, a Justiça mandou soltar a dupla por ilegalidade na prisão.

Na madrugada de sábado (7), Matheus Soares Brito, irmão de um dos dois presos na sexta, foi detido por suspeita de ter ajudado na fuga de Kauê para o Rio de Janeiro. Outras pessoas foram detidas, mas acabaram liberadas após depor no DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

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Até o momento, oito policiais militares que tinham ligação com o delator foram afastados e são investigados pela Corregedoria da corporação. Ao menos quatro deles faziam a escolta de Gritzbach no momento em que ele foi morto.

As defesas dos procurados não foram encontradas para pedido de posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.

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