Mãe de jovem morto pela PM diz que não houve confronto: 'Foi um inferno'
A mãe de Vinícius Fidelis Santos de Brito, morto baleado por policiais militares em São Vicente (SP), disse que não houve confronto armado, como alegaram os agentes anteriormente.
O que aconteceu
Rosemeire Aparecida Fidelis dos Santos conta que o filho estava desarmado. Ao UOL, ela relatou nesta quarta-feira (11) que havia acabado de chegar da igreja quando foi avisada que Vinícius estava baleado na casa de uma vizinha.
Vinícius estava retornando para casa ''sob efeitos de drogas'', segundo a mãe, quando foi atingido por um tiro de uma operação policial. Após ser baleado no braço, o jovem teria corrido e se escondido na residência de uma moradora. Na sequência, os militares teriam seguido Vinícius.
Meu filho era viciado em K2, mas ele não era bandido, não tinha nenhum envolvimento com tráfico. O único problema do meu filho era esse maldito vício. Dou a minha palavra que não houve confronto, ele não estava armado, ele não tinha arma
Rosemeire Aparecida Fidelis dos Santos
Rosemeire diz que pediu para entrar no local, mas foi impedida. ''Eu fui, tentei entrar no barraco e eles não deixaram. Começaram a jogar bomba e a atirar nele dentro da casa. Meu filho saiu de lá já morto'', relatou. A mãe diz ainda que o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) demorou 1h para chegar.
Conforme a mulher, o 1º DP de São Vicente também teria se recusado a registrar boletim de ocorrência. Ela conta que eles alegaram se tratar de uma morte em ''intervenção policial''. O UOL entrou em contato com a SSP (Secretaria de Segurança Pública) para questionar sobre a alegação. Ainda não houve retorno, mas o espaço segue aberto para manifestação.
Estou cansada desse excesso de poder. Toda vez que eles vêm aqui já é sem câmera para poder fazer o que quiserem. Eu não vou trazer meu filho de volta, mas abro minha boca pelos inocentes daqui. Rosemeire Aparecida Fidelis dos Santos
Entenda o caso
Vinícius Fidelis, 24, foi morto a tiros dentro de uma casa na comunidade. Vídeo gravado por moradores e divulgado nas redes sociais mostra a mãe do jovem do lado de fora da residência pedindo para que os agentes a deixem entrar.
"Pelo amor de Deus, deixa eu entrar. Eu sou a mãe dele! Vocês estão matando meu filho, gente, deixa eu entrar", é possível ouvir a mulher dizer.
Imagens mostram quando um PM sai da casa armado com um fuzil. O militar faz gesto para que Rosemeire entre na casa de um vizinho e, instantes depois, tiros são disparados.
Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disse que o caso é investigado. Conforme a SSP, o jovem teria morrido durante "um patrulhamento seguido de troca de tiros com homens que abandonaram uma sacola com drogas durante a perseguição".
SSP-SP também afirmou que as imagens feitas por moradores "serão analisadas". "Foram apreendidas uma arma e porções de drogas com o rapaz que fugiu para um imóvel. As armas dos policiais também foram apreendidas para a perícia", completou.
Ouvidor da polícia do estado de São Paulo, Claudinho Silva disse que "providências foram tomadas". O UOL entrou em contato com Silva para pedir mais detalhes e aguarda retorno.
Newsletter
PRA COMEÇAR O DIA
Comece o dia bem informado sobre os fatos mais importantes do momento. Edição diária de segunda a sexta.
Quero receberMoradores relataram que os policiais entraram na comunidade aos gritos de "Derrite", em referência ao secretário de Segurança Pública do estado, Guilherme Derrite, segundo o co-fundador da Uneafro Brasil, Douglas Belchior. "A polícia de São Paulo está sem freio, descontrolada, com autorização e estímulo de seus comandantes para matar", disse o ativista em postagem no Instagram. A SSP-SP não se manifestou sobre os relatos dos moradores.
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.