PF: Policiais delatados por Gritzbach tinham vida financeira incompatível

O delegado regional da Polícia Judiciária da Polícia Federal, Dennis Cali, afirmou que os policiais delatados pelo empresário Vinícius Gritzbach e presos nesta segunda-feira (17) tinham uma vida financeira incompatível à ocupação.

Entenda o caso

A incompatibilidade financeira foi o que mais chamou a atenção. Em entrevista à Globonews, o delegado Dennis Cali explicou que os imóveis, carros de luxo e joias dos agentes teriam fornecido provas sobre a lavagem de dinheiro dos acusados.

Os bens não eram colocados nos nomes dos suspeitos. Ainda de acordo com informações do delegado da PF, os valores ilícitos obtidos pelos policiais eram usados para grandes compras em nome de laranjas. ''Eles não colocavam no nome deles para dificultar que a polícia fizesse o rastreio'', falou.

Ação da PF ocorreu após o assassinato do empresário Vinícius Gritzbach e tem como foco a lavagem de dinheiro. ''Como estamos em uma fase inicial da investigação, entendemos que a partir da operação de hoje novos elementos de prova serão obtidos para que a gente possa avançar ainda mais com os trabalhos'', disse.

Entenda o caso

A corporação cumpre 13 mandados de busca e apreensão e oito mandados de prisão temporária. O delegado Fábio Baena Martin, os investigadores Eduardo Lopes Monteiro, Rogério de Almeida Felício, Marcelo Ruggieri, Marcelo Bombom e mais três pessoas foram alvos de prisão.

Com exceção de Rogério, apontado como segurança do cantor Gusttavo Lima, os outros policiais estão presos. Além deles também são alvos o advogado Ahmed Hassan Saleh, o Mudi, e os empresários Robinson Granger de Moura, o Molly e Ademir Pereira de Andrade.

Todos eles foram denunciados por Gritzbach por suposto envolvimento com o PCC (Primeiro Comando da Capital) e corrupção. O empresário foi assassinato a tiros de fuzis por dois homens em 8 de novembro deste ano no aeroporto internacional de Guarulhos, oito dias após ter denunciado os policiais à Corregedoria da Polícia Civil. Dois acusados de envolvimento na morte dele estão presos.

Em delação, Gritzbach afirmou que policiais civis corruptos teriam exigido R$ 40 milhões para que o inquérito contra ele fosse encerrado. O homem foi acusado de ser o mandante das mortes de Anselmo Bechelli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, narcotraficante até então influente no PCC, e do comparsa Antônio Corona Neto, o Sem Sangue, 33, motorista dele, executados a tiros em 27 de dezembro de 2021, no Tatuapé, zona leste.

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O que diz a defesa

Advogados de Baena e Monteiro chamaram prisões de "arbitrariedade flagrante". Em nota, Daniel Bialski e Bruno Borragine esclarecem que "ambos compareceram espontaneamente para serem ouvidos e jamais causaram qualquer embaraço às repetidas investigações".

Defesa também denuncia que delegado não teve direito a contatar advogados após a prisão. Isso, segundo eles, "somente reforça a ilegalidade denunciada". A nota da defesa diz ainda que os advogados estão "tomando todas as medidas para fazer cessar, imediatamente, a coação espúria constatada".

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