Justiça de SP manda apurar insanidade e dependência de CAC de Pinheiros
A Justiça de São Paulo aceitou o pedido da defesa de Marcelo Berlinck Mariano Costa e determinou na quinta-feira (9) que seja apurada a possível insanidade mental e dependência toxicológica do preso.
Marcelo, que é CAC (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador), foi preso em dezembro após dar tiros de uma cobertura em Pinheiros, bairro nobre na zona oeste de São Paulo.
O que aconteceu
Decisão ocorreu "em razão das dúvidas sobre a higidez psíquica do acusado e da notícia que ele é dependente químico". No documento, obtido pelo UOL, o juiz Bruno Ronchetti de Castro determina a instauração de um incidente —processo secundário que surge ao longo de um processo principal— para analisar a questão.
Em dezembro, a Justiça negou o pedido da defesa para substituir a prisão preventiva de Marcelo por internação provisória. Na ocasião, o advogado afirmou que Marcelo necessitava de tratamento médico por "ser acometido de transtorno mental e de toxicodependência", acrescentando que ele é réu primário, tem ocupação lícita e residência fixa. Ao não aceitar o pedido, o juiz alegou que não havia nos autos nenhum documento médico que comprovava a gravidade do quadro do preso e apontasse a necessidade do atendimento para além do fornecido na penitenciária onde ele está preso.
Em documento anexado no processo, a genitora de Marcelo citou "comportamentos questionáveis" do filho. Além disso, ainda segundo consta na decisão de dezembro, o homem faz o "uso de droga ilícita desde 2013 e de remédios para transtorno de ansiedade e depressão", sendo necessário a internação dele em clínica psiquiátrica em razão disso "e da queixa do réu de ansiedade e fissura [dele] por cocaína".
Na decisão atual, o magistrado também aprovou a oitiva de testemunhas apontadas pela defesa. Uma audiência do caso foi marcada para 14 de julho de 2025.
Ao UOL, o advogado de Marcelo afirmou que o pedido visa "esclarecer, de forma cristalina, a razão metodológica dos fatos". Eugênio Malavasi disse aguardar a realização dos laudos e criticou a prisão preventiva do cliente. "A defesa entende que não estão presentes os fundamentos desta, razão pela qual restou impetrado uma ordem de habeas corpus, que ainda não foi julgada, visando sua revogação, mormente em face da dependência química do Marcelo", concluiu.
Relembre o caso
CAC foi preso na noite de 6 de dezembro após dar tiros de uma cobertura de um prédio de 18 andares. Agentes da Rota ordenaram que o atirador saísse com as mãos para cima. Abordagem ocorreu após os policiais identificarem o imóvel onde estava Marcelo.
Homem não atendeu a ordem dos policiais e atirou em direção à porta do imóvel. Os tiros atingiram as portas de outros dois vizinhos, mas ninguém se feriu.
GATE (Grupo de Ações Táticas Especiais) foi acionado e usou granadas para arrombar a porta do imóvel onde estava o atirador. O homem então acabou sendo detido com o auxílio de um cão policial.
Após a captura, ele ficou com escoriações no braço esquerdo e precisou ser levado a um hospital. Após vistoria no imóvel, os agentes encontraram substância aparentando ser cocaína. O material foi encaminhado para perícia.
Policiais encontraram um arsenal no imóvel, que incluía um fuzil, duas carabinas, granada e mais de 350 munições de diferentes calibres. Os agentes ainda apreenderam no local mais de carregadores de fuzil, coletes à prova de balas e outras armas.
O atirador foi preso em flagrante por tentativa de homicídio, disparo de arma de fogo e porte ou posse ilegal de arma de uso restrito.
Quem é o CAC? Marcelo foi sócio em uma empresa de investimentos e recebeu ordem de despejo do apartamento de Pinheiros em setembro de 2024.
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