Lula telefona a líder do MST e reforça atuação da PF na investigação

O presidente Lula (PT) ligou para o coordenador nacional do MST, Gilmar Mauro, para prestar solidariedade à entidade e às famílias vítimas do ataque a tiros no assentamento Olga Benário, em Tremembé, interior de São Paulo, na sexta-feira (10).

O que aconteceu

Na ligação, Lula garantiu o acompanhamento do caso pela Presidência da República e pela Polícia Federal, que foi acionada para entrar na investigação do atentado. Mauro detalhou a conversa em um áudio enviado em comunicação interna do MST.

O presidente disse que, assim que possível, visitará a região do Vale do Paraíba. A ministra dos Direitos Humanos, Macaé Evaristo, irá para o local entre o fim da tarde de sábado e a manhã de domingo.

Caso ganha reforço. De início, a Secretaria de Segurança Pública do estado de SP afirmou que a "Polícia Civil de Taubaté investiga as mortes de dois homens, 28 e 52 anos".

Na tarde de sábado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou que a PF abrisse um inquérito para apurar o ataque ao assentamento do MST.

Ministro está em viagem oficial na França. No documento, o secretário-executivo da pasta, Manoel Carlos de Almeida Neto, que está como ministro em exercício por causa de uma viagem internacional de Ricardo Lewandowski, cita um artigo da Lei nº 10.446, de 8 de maio de 2002, que fala sobre crimes relativos à violação de direitos humanos.

De acordo com o ministério, uma equipe da PF foi enviada ao local. Segundo a pasta, o grupo conta com agentes, perito e papiloscopista.

Gilmar Mauro informou ainda que o velório dos três assentados mortos será realizado no domingo de manhã.

Continua após a publicidade

Como foi o ataque

O ataque ocorreu na noite de sexta-feira (10). Três homens foram assassinados e cinco pessoas ficaram feridas após um grupo armado invadir e atirar contra o assentamento Olga Benário, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Tremembé, no Vale do Paraíba, em São Paulo - entre elas, uma das referências do movimento, com vários tiros na cabeça.

Referência do movimento, Valdir do Nascimento, o Valdirzão, 52, foi morto com vários tiros na cabeça. "O que prova que esse grupo foi lá para aniquilá-lo", diz Gilmar Mauro, coordenador nacional do MST.

Cerca de dez homens apareceram no local em cinco carros e atiraram. Também morreu no local Gleison Barbosa de Carvalho, 28. Irmão de Gleison, Denis Carvalho, 29, foi internado em coma induzido, mas não resistiu aos tiros e morreu na tarde de sábado.

As pessoas feridas têm entre 18 e 49 anos. Elas foram levadas ao Hospital regional do Vale do Paraíba - Sociedade Beneficente São Camilo, de Taubaté, e ao pronto-socorro.

Boletim de ocorrência cita disputa por terras. Gilmar Mauro, membro da coordenação nacional do MST, afirma que havia cerca de 20 pessoas no local para garantir que a área não fosse invadida ilegalmente durante o processo de regularização de um lote que seria ocupado por uma família. No grupo, estavam crianças e idosos. Muitos deles dormiam quando o ataque ocorreu, por volta das 23h.

Continua após a publicidade

É uma região onde há uma pressão da especulação imobiliária muito intensa, articulada com políticos locais e milícias, para tomar alguns lotes. Há uma luta de resistência de bastante tempo Gilmar Mauro, membro da coordenação nacional do MST

Cerca de 45 famílias vivem na área. O assentamento é regularizado para o MST pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) há 20 anos.

Fonte do MST ouvida pela reportagem afirma que o conflito envolve crime organizado. Os assentados, que têm autorização legal para ocuparem a área, temiam que milicianos tomassem o local.

O caso foi registrado como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido no plantão da Delegacia Seccional de Taubaté. Um homem foi abordado no local do atentado e autuado em flagrante por porte ilegal da arma.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.