Em 6 dias, polícia de SP recupera 16 mil celulares, 40% do total de 2024
A Polícia Civil de São Paulo apreendeu, até o dia 9 de janeiro, 16 mil celulares em uma operação para recuperar aparelhos furtados ou roubados. O número é quase metade do total dos 39 mil aparelhos apreendidos em todo o ano de 2024.
O que aconteceu
As apreensões foram feitas em ações na capital paulista e na Baixada Santista. De acordo com o governo do estado, os 16 mil aparelhos foram recuperados entre os dias 4 e 9 de janeiro e não tinham comprovação de origem.
Na capital, as ações foram realizadas em lojas da região central. Ao todo, 8 mil celulares foram recuperados na "Operação Big Mobile", que contou com a localização fornecida por vítimas de furtos e assaltos.
De acordo com a Polícia Civil, foram 29 flagrantes e 32 pessoas presas na capital. A ação contou com mais de 480 policiais, 213 viaturas, um drone e uma aeronave
Já na Baixada Santista, as ações ocorreram em Santos, Bertioga, Guarujá e Cubatão. Assim como na capital, comércios das cidades foram alvos de buscas, que resultaram em 8,1 mil aparelhos apreendidos e na prisão de sete pessoas em flagrante.
Número apreendido até agora é quase metade do total recuperado em 2024. Segundo a própria Polícia Civil, no ano passado foram reavidos mais de 39 mil celulares, sendo que quase 36 mil foram devolvidos aos donos.
Na capital, Centro é principal reduto de receptação de celulares
Em 2023, o UOL publicou uma reportagem sobre o fluxo do crime na rua Guaianases. A região, situada no entorno da "cracolândia", a apenas 200 metros da 1ª Delegacia Seccional do Centro, se tornou o epicentro da receptação de celulares roubados ou furtados.
A reportagem do UOL flagrou a movimentação, registrada em fotos e vídeos. Quando anoitece, ciclistas se exibem fazendo manobras arriscadas no trecho entre as ruas Aurora e dos Timbiras, ao lado da delegacia. Aos poucos, são formadas rodinhas na calçada e até no asfalto. Aparelhos são negociados no meio da rua.
Questionada à época sobre a ação de criminosos nas proximidades da 1ª Delegacia Seccional do Centro, a Polícia Civil afirmou que "trabalha para combater o crime de receptação de celulares na região central da capital, por meio de ações de inteligência visando prender receptadores e restituir aparelhos".
Vítimas costumam localizar os aparelhos na região usando a função de rastreamento. Segundo investigações, quadrilhas usam empresas de fachada para fazer a receptação. Depois, há três destinos possíveis para as centenas de celulares roubados ou furtados diariamente na capital paulista, de acordo com a Polícia Civil:
- O celular pode ser desmontado e ter suas peças vendidas.
- O aparelho pode abastecer o comércio em feiras ilegais, como na própria rua Guaianases.
- Os telefones, especialmente os mais modernos, podem cruzar o oceano em voos internacionais, potencializando os lucros das quadrilhas especializadas.
A África se consolidou nos últimos anos como uma das principais rotas. O principal motivo é a facilidade de se revender o aparelho sem que ele seja rastreado pelas operadoras brasileiras. O número do Imei (Identificação Internacional de Equipamento Móvel, em português), sequência numérica que serve como "impressão digital" do celular, não é rastreado em países do continente.
Uma das operações mais significativas contra a receptação ocorreu em fevereiro de 2020. Na época, 575 celulares foram apreendidos pela Polícia Civil com passageiros de um voo que ia do aeroporto internacional de Guarulhos (SP) para Dacar, no Senegal. Quatro pessoas foram presas.
Na época, a Receita Federal já identificava a presença de dezenas de passageiros em voos para a África com grande quantidade de celulares em bagagens, acusados pelo raio-X. Quando o aparelho sai do Brasil, os órgãos reguladores e a polícia não conseguem mais identificar que se trata de um item subtraído, facilitando o comércio ilegal.
Decidimos fazer uma operação para levar esses celulares até a delegacia. Foi quando descobrimos que a maioria deles tinha registro de ocorrência por roubo ou furto, diz Luiz Alberto Guerra, delegado do Deic da Polícia Civil de São Paulo.
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