Suspeito de chefiar ataque a assentamento do MST é preso pela Polícia Civil

A Polícia Civil prendeu neste sábado (11) um homem suspeito de chefiar o ataque a tiros que deixou dois mortos em um assentamento do MST.

O que aconteceu

O homem foi identificado por testemunhas como um dos responsáveis pelo ataque ao assentamento na noite de sexta-feira (10). Ao menos duas pessoas foram assassinadas e seis ficaram feridas após um grupo armado invadir e atirar contra o assentamento Olga Benário, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Tremembé, no Vale do Paraíba, em São Paulo - entre elas, uma das referências do movimento, com vários tiros na cabeça.

De acordo com o delegado Marcos Ricardo Parra, que investiga o ataque, o homem de 41 anos preso neste sábado teria chefiado o ataque. Ao UOL, o delegado informou que o suspeito foi identificado por testemunhas como um dos líderes do grupo armado, e, ao ser interrogado, confessou participação no crime mas negou que tenha participado das mortes.

A Polícia Civil informou, ainda, que outro suspeito de envolvimento no ataque foi identificado, mas segue foragido. O homem preso neste sábado indicou que deve entregar mais comparsas, segundo Parra. Ainda não se sabe quantas pessoas estão envolvidas no crime.

A autoridade policial pediu a prisão preventiva do suspeito preso em flagrante e a prisão temporária do foragido. O UOL tenta contato com o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) para saber se os pedidos foram acatados.

O crime

Cerca de dez homens apareceram no local em cinco carros e atiraram. Referência do movimento, Valdir do Nascimento, o Valdirzão, 52, foi morto com vários tiros na cabeça. "O que prova que esse grupo foi lá para aniquilá-lo", diz Gilmar Mauro, coordenador nacional do MST.

Também morreu no local Gleison Barbosa de Carvalho, 28. Irmão de Gleison, Denis Carvalho, 29, está internado em coma induzido. A assessoria do MST noticiou a morte de Denis durante a tarde, mas no período da noite informou que o homem segue hospitalizado.

As pessoas feridas têm entre 18 e 49 anos. Elas foram levadas ao Hospital regional do Vale do Paraíba - Sociedade Beneficente São Camilo, de Taubaté, e ao pronto-socorro.

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Boletim de ocorrência cita disputa por terras. Gilmar Mauro, membro da coordenação nacional do MST, afirma que havia cerca de 20 pessoas no local para garantir que a área não fosse invadida ilegalmente durante o processo de regularização de um lote que seria ocupado por uma família. No grupo, estavam crianças e idosos. Muitos deles dormiam quando o ataque ocorreu, por volta das 23h.

É uma região onde há uma pressão da especulação imobiliária muito intensa, articulada com políticos locais e milícias, para tomar alguns lotes. Há uma luta de resistência de bastante tempo
Gilmar Mauro, membro da coordenação nacional do MST

Cerca de 45 famílias vivem na área. O assentamento é regularizado para o MST pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) há 20 anos.

Fonte do MST ouvida pela reportagem afirma que o conflito envolve crime organizado. Os assentados, que têm autorização legal para ocuparem a área, temiam que milicianos tomassem o local.

O caso foi registrado como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido no plantão da Delegacia Seccional de Taubaté. Um homem foi abordado no local do atentado e autuado em flagrante por porte ilegal da arma.

Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Ao contrário do informado anteriormente neste texto e na home do UOL, não foram registradas três mortes após o ataque ao assentamento. Denis Carvalho, que chegou a ter a morte noticiada pelo MST, segue em coma induzido, de acordo com informações da própria assessoria do movimento. MST e a Polícia Civil informaram que, até o momento, foram confirmadas duas mortes.

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