Ministros de Lula participam de velório de mortos em ataque a MST

Os ministros Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, e Macaé Evaristo, dos Direitos Humanos e da Cidadania, participaram do velório dos dois homens assassinados no atentado contra o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), na sexta-feira (10), em Tremembé, interior de São Paulo.

O que aconteceu

Ministros foram ao local representando o presidente Lula. Macaé Evaristo reafirmou "compromisso do governo com a apuração dos fatos". Ontem, a Polícia Federal foi acionada para investigar o caso.

Uma equipe do MDHC está na região, segundo a ministra, para ouvir famílias assentadas. Objetivo é formular um programa de proteção coletiva. "Nosso povo não pode perecer pelos algozes, por quem acha que é dono de todas as riquezas do país."

Integrantes do Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas, vinculado à pasta, farão atendimento individual no assentamento. A ação começa na segunda-feira (13) e pretende listar necessidades dos assentamentos, como instalação de câmeras de segurança.

Paulo Teixeira disse que o atentado não afeta programa de reforma agrária do governo. "Essa semana tive uma reunião com o presidente Lula, e ele disse para marcar as entregas [de terras a assentados]. Vamos avançar no programa."

O que aconteceu aqui é fruto do discurso de ódio disseminado no nosso país contra MST Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário

Secretária-executiva da Secretaria-Geral da Presidência da República, Kelly Mafort também esteve no velório. "Nós, do governo federal, estarmos aqui significa dizer que estamos comprometidos, mas estamos chorando juntos", lamentou ela, que também é militante do MST.

O crime

Cerca de dez homens apareceram no assentamento Olga Benário em cinco carros e atiraram. Referência do movimento, Valdir do Nascimento, o Valdirzão, 52, foi morto com vários tiros na cabeça. "O que prova que esse grupo foi lá para aniquilá-lo", diz Gilmar Mauro, coordenador nacional do MST.

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Também morreu no local Gleison Barbosa de Carvalho, 28. Irmão de Gleison, Denis Carvalho, 29, está internado em coma induzido. A assessoria do MST noticiou a morte de Denis durante a tarde, mas no período da noite informou que o homem segue hospitalizado.

Militantes e familiares no velório de Gleison Barbosa de Carvalho e Valdir do Nascimento
Militantes e familiares no velório de Gleison Barbosa de Carvalho e Valdir do Nascimento Imagem: Douglas Mansur/Comunicação MST

As pessoas feridas têm entre 18 e 49 anos. Elas foram levadas ao Hospital Regional do Vale do Paraíba - Sociedade Beneficente São Camilo, de Taubaté, e ao pronto-socorro.

Boletim de ocorrência cita disputa por terras. Gilmar Mauro, membro da coordenação nacional do MST, afirma que havia cerca de 20 pessoas no local para garantir que a área não fosse invadida ilegalmente durante o processo de regularização de um lote que seria ocupado por uma família. No grupo, estavam crianças e idosos. Muitos deles dormiam quando o ataque ocorreu, por volta das 23h.

É uma região onde há uma pressão da especulação imobiliária muito intensa, articulada com políticos locais e milícias, para tomar alguns lotes. Há uma luta de resistência de bastante tempo Gilmar Mauro, membro da coordenação nacional do MST

Cerca de 45 famílias vivem na área. O assentamento é regularizado para o MST pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) há 20 anos.

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Fonte do MST ouvida pela reportagem afirma que o conflito envolve crime organizado. Os assentados, que têm autorização legal para ocuparem a área, temiam que milicianos tomassem o local.

O caso foi registrado como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido no plantão da Delegacia Seccional de Taubaté. Um homem foi abordado no local do atentado e autuado em flagrante por porte ilegal da arma.

Um homem foi identificado por testemunhas como um dos responsáveis e preso no sábado. De acordo com o delegado Marcos Ricardo Parra, que investiga o ataque, o suspeito, de 41 anos, confessou participação no crime, mas negou que tenha participado das mortes.

A Polícia Civil informou, ainda, que outro suspeito de envolvimento no ataque foi identificado, mas está foragido. O homem preso no sábado indicou que deve entregar mais comparsas, segundo Parra. Ainda não se sabe quantas pessoas estão envolvidas no crime.

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