Suspeito por veneno no arroz é investigado por mortes semelhantes em agosto

O padrasto suspeito de ter envenenado toda uma família no dia 1ª de janeiro no Piauí agora é investigado, também, pela morte de outros dois meninos pela mesma causa em agosto do ano passado.

O que aconteceu

Uma análise pericial cinco meses após o crime apontou que os meninos da mesma família mortos em agosto passado foram envenenados com a mesma substância utilizada no arroz. O laudo foi divulgado pelo Fantástico, da TV Globo, e colocam uma nova suspeita sob Francisco de Assis da Costa, padrasto da mãe das crianças.

O laudo divulgado mostra que Lucélia Gonçalves, presa desde o ano passado acusada de envenenar e matar os dois meninos de 7 e 8 anos pode ter sido detida injustamente. Inicialmente, a investigação apontava que a morte das crianças teriam ocorrido por conta do envenenamento de cajus em um pé no quintal da mulher, que era vizinha da família.

O novo documento divulgado na quinta-feira (9) mostra que não havia veneno nos cajus supostamente ingeridos pelas crianças que causaram as mortes em agosto. O chumbinho que provocou as mortes poderia ter sido colocado em outros alimentos, ainda apurados pela polícia.

Após repercussão do resultado do documento, o Ministério Público piauiense pediu a revogação da prisão de Lucélia. A mulher sempre negou os crimes e sua casa chegou a ser incendiada por populares após o caso.

De acordo com a polícia, Francisco, principal suspeito das mortes de 1º de janeiro, não escondeu que sentia "nojo" e "rancor" da enteada Francisca Maria, que morreu envenenada. Além de Francisca morreram outros dois filhos dela e um outro enteado do suspeito.

O que se sabe sobre o caso

Quatro mortes em família colocaram padrasto sob suspeita..Francisco de Assis Pereira da Costa, de 53 anos, foi preso temporariamente sob acusação de envenenar a família com arroz contaminado por terbufós, um inseticida de alta toxicidade. O crime aconteceu no dia 1º de janeiro, após a ceia de Ano-Novo.

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A casa onde o crime ocorreu abrigava 11 pessoas. Francisco vivia com sua esposa, Maria dos Aflitos, os seis filhos dela e três netos. As vítimas foram Francisca Maria da Silva, 32 (enteada de Francisco); Manoel Leandro da Silva, 18 (irmão de Francisca); e duas crianças, filhas de Francisca: Igno Davi Silva, de 1 ano e 8 meses, e Maria Lauane Fontenele, de 3.

O padrasto tinha um relacionamento conturbado com os enteados. Segundo o delegado Abimael Silva, Francisco nutria um ódio particular por Francisca Maria, uma das vítimas.

Ele teria manifestado a raiva pela enteada no leito de morte. Segundo o delegado, Francisco não escondia o desprezo por Francisca, mesmo quando ela já estava gravemente debilitada no hospital. Esse comportamento reforça a hipótese de um crime premeditado e motivado por sentimentos de raiva.

Desprezo e ódio pelos enteados são apontados como a principal motivação. Durante os depoimentos, Francisco teria descrito Francisca com termos depreciativos como "boba", "matuta" e "inútil". Ele também chamou os filhos de sua esposa de "primatas" e demonstrou incômodo constante com a presença deles.

A investigação indicou a presença de veneno no arroz. O terbufós é um agrotóxico de uso restrito no Brasil, autorizado apenas para aplicações agrícolas. Sua comercialização é permitida apenas para produtores rurais devidamente cadastrados e treinados para seu manuseio seguro.

Apesar das restrições, há registros de comercialização ilegal de terbufós no Brasil. Ele é vendido irregularmente na forma do chamado "chumbinho", um veneno clandestino utilizado como raticida, segundo a Anvisa. A venda e o uso do "chumbinho" são proibidos e configuram crime, devido aos graves riscos à saúde pública.

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Contradições nos depoimentos levantaram suspeitas. Francisco forneceu três versões diferentes sobre seu contato com a comida. Primeiro, negou ter se aproximado da panela, depois admitiu, e, por fim, negou novamente ter orientado o uso do arroz.

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