21 cidades de SP estão com emergência por dengue; só 9 receberam vacinas

O ano de 2025 começou com milhares de casos de dengue no estado de São Paulo e obrigou 21 municípios a declarar emergência de saúde pública nas últimas semanas. Destes, apenas nove foram contemplados por doses de vacina do Ministério da Saúde desde o ano passado.
O que aconteceu
Até o momento, 21 municípios paulistas sinalizaram situação de emergência. São eles: Dirce Reis, Espirito Santo Do Pinhal, Estrela D'Oeste, Glicério, Guarani D'Oeste, Igaratá, Indiaporã, Jacareí, Marinópolis, Mira Estrela, Ouroeste, Paraibuna, Populina, Potirendaba, Ribeira, Rubinéia, São Francisco, São José Do Rio Preto, São José Dos Campos, Tambaú, Tanabi.
Apenas nove cidades em emergência receberam doses de vacina desde a última remessa realizada pelo Governo Federal em dezembro de 2024. Foram elas: Glicério, Igaratá, Jacareí, Paraibuna, Potirendaba, Ribeira, São José Do Rio Preto, São José Dos Campos e Tanabi. Outras 12, também em situação alarmante, não foram contempladas pelas doses de vacina.
A maior quantidade de vacinas foi enviada para Guarulhos, que contou com 63.738 doses ao longo de 2024. No ano passado, a cidade teve o maior número de vítimas da doença do estado e precisou decretar emergência pela epidemia. Em janeiro deste ano, foram comunicados apenas 11 casos, disse a Secretaria Municipal de Saúde ao UOL.
Aumento dos casos que os municípios vêm enfrentando é um problema desde 2024. No ano passado, foram mais de 2 milhões de ocorrências confirmadas. Destas, 2064 pessoas morreram em decorrência da doença.
Em todo estado, janeiro registrou 5.783 casos de dengue. Além deles, 16.887 casos e 36 mortes estão sob investigação, segundo dados da Secretaria de Saúde do estado. No país todo, eram 16,3 mil casos prováveis notificados até a última quinta-feira (9).
O UOL entrou contato com o Ministério da Saúde para comentar o caso. A reportagem também questionou os critérios adotados para a distribuição do material. Ainda não houve retorno, mas o espaço segue aberto para manifestação.
A situação mais preocupante é a de Glicério. Com apenas 4.138 habitantes, a cidade já contabiliza 78 casos - o que representa um caso a cada 52 moradores. Como medida de urgência, a prefeitura está promovendo a nebulização em todas as ruas e intensificou as visitas domiciliares para eliminar criadouros.
Araçatuba, apesar de não ter declarado emergência, também tem um dos maiores coeficiente de incidência. A cidade conta com 1.334 ocorrências confirmadas em uma população de 200.124 pessoas nas duas primeiras semanas do mês. Segundo o secretário municipal de Saúde, Daniel Martins Ferreira Júnior, o município vive uma epidemia, mas ainda não será necessário decretar emergência.
O prefeito de São José do Rio Preto, Fábio Candido (PL), decretou emergência com a proximidade de 30 mil casos desde o ano passado. O número de mortes nos últimos 12 meses é o segundo maior em uma década e se iguala a 2015 - ficando atrás apenas de 2019, quando Rio Preto registrou 19 óbitos pela doença.
Um Centro de Hidratação Ampliado, uma espécie de hospital de campanha, pode ser aberto nas próximas semanas. A medida deve ser implementada caso os números da doença continuem a crescer. Mutirões de limpeza também foram feitos nos últimos dias em áreas verdes, praças e locais de descarte irregular em São José do Rio Preto.
O período de verão, marcado por altas temperaturas e chuvas intensas, propicia a proliferação do mosquito Aedes aegypti. Com isso, o decreto de emergência feito pelas 21 cidades permite o emprego de prevenção e contenção de riscos para epidemias, surtos, doenças emergência e desastres, de acordo com definição do Ministério da Saúde.
Ministério diz monitorar aumento de casos
O Ministério da Saúde instalou na última quinta-feira (9) o Centro de Operações de Emergência para dengue e outras arboviroses. Segundo a ministra da pasta, Nísia Trindade, a ideia é ampliar medidas preventivas para preparar estados e municípios, e se articular nacionalmente para responder a situações classificadas como críticas.
Governo adquiriu 9,5 milhões de doses de vacina contra dengue. De acordo com a secretária de Vigilância em Saúde, esse é o estoque total disponibilizado pelo fabricante para 2025 que será aplicado em crianças e adolescentes de 10 a 14 anos.
Capital registrou 578 casos
Na cidade de São Paulo, foram 578 doentes notificados. Os registros ainda não são considerados alarmantes para a Secretaria de Saúde devido ao número de habitantes na Grande São Paulo, que é de quase 20 milhões em 2025.
Apesar disso, a prefeitura informou ao UOL que o combate ao mosquito da dengue foi intensificado desde o ano passado. ''As medidas para o controle e prevenção continuam agora em 2025, com visitas rotineiras das equipes das 28 unidades de Vigilância em Saúde nas casas, além de nebulização, eliminação de criadouros e aplicação de larvicidas em pontos estratégicos'', explicou.
A vacina contra a dengue na capital está disponível apenas para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos. O serviço continua sendo oferecido em Unidades Básicas de Saúde da cidade de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h, e aos sábados nas Assistências Médicas Ambulatoriais Integradas.
Foram aplicadas 350.723 mil doses da vacina desde abril de 2024 até 6 de janeiro deste ano, segundo a prefeitura. Para se vacinar, o público deve comparecer a uma das unidades citadas com documento de identidade com foto acompanhado de responsável legal maior de idade, além de comprovante de residência ou escolar.
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