Professor: Prisão revela crise na PM de SP e Tarcísio como refém de Derrite
A prisão de um cabo supostamente envolvido na morte do empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, assassinado com 10 tiros de fuzis no Aeroporto de Guarulhos, revela crise na segurança pública de São Paulo, um governador refém da politicagem e um secretário mais preocupado com a próxima eleição, opinou Rafael Alcadipani, professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), durante participação no UOL News, do Canal UOL, nesta quinta-feira (16).
É algo extremamente grave, gravíssimo. A segurança pública em São Paulo está numa crise, numa crise seríssima, uma crise de falta de controle. O que a gente vê agora, como a gente poucas vezes viu, o grau de infiltração da facção criminosa nas forças policiais. Rafael Alcadipani, professor da FGV e associado pleno ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública
O militar é um dos 15 presos nesta manhã durante a Operação Prodotes, deflagrada para desarticular o envolvimento de PMs com narcotraficantes ligados ao PCC (Primeiro Comando da Capital) a maioria da zona leste da capital e inimigos de Gritzbach.
Tarcísio comemorou o fato de ter sido uma operação da própria Polícia Militar que prendeu os militares suspeitos, dizendo que "a PM está punindo a PM", em declaração enviada ao jornal Folha de S.Paulo.
Ao Canal UOL, o professor criticou a gestão de Guilherme Derrite à frente da Secretaria de segurança Pública, em São Paulo, e disse que o capitão tem dificuldade para conversar e está mais preocupado com a próxima eleição.
A gente vê um secretário muito preocupado com a próxima eleição e a gente vê que ele, infelizmente, muitas vezes vai mais para aquilo que interessa para a sua carreira política e não tanto pela segurança pública.
A gente vê tanta crise seguida. Faz tempo que a gente não vê tanta crise seguida em segurança pública em São Paulo. E aí, no final, eu acho que a metáfora futebolística às vezes faz sentido. A gente precisa trocar o técnico, a gente precisa trazer uma pessoa mais técnica, uma pessoa que seja mais profissional e não um político. Eu acho que o principal erro do governador Tarcísio foi colocar um político na Secretaria de Segurança Pública. Rafael Alcadipani, professor da FGV e associado pleno ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Alcapidani também apontou o governador Tarcísio de Freitas como refém da politicagem rasteira (e de Derrite).
Só que a gente não pode deixar a Secretaria de Segurança Pública, a gente não pode deixar as nossas polícias, refém de uma politicagem rasteira. Isso não pode acontecer. Então eu acho que essa é a dificuldade do governador. Ele virou refém de um secretário.
Falta uma maturidade do secretário, e o governador é extremamente responsável. O que o governador faz é que ele fica jogando dos dois lados. De um lado ele fala 'a gente escuta fontes do Palácio dizendo que o secretário não está forte e coisas do gênero', mas do outro, ele mantém o secretário. Ele fica tentando costurar para ver se ele consegue levar.
Agora, mais uma vez, a gente vê que a insegurança aqui não é que a gente não publica. Dá para brincar. Esse é um momento sério que está acontecendo. Essa infiltração do comando da capital, a força do crime organizado é uma coisa completamente séria e descontrolada. Rafael Alcadipani, professor da FGV e associado pleno ao Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Jurista: 'Nikolas Ferreira agiu acobertado pela imunidade parlamentar'
Ainda durante o UOL News, o advogado e ex-juiz eleitoral Márlon Reis considerou que o deputado federal Nikolas Ferreira (PL), que publicou vídeo no qual dizia que o governo iria tratar o pequeno comerciante como grande sonegador, agiu acobertado pela imunidade parlamentar.
Não é possível entrar na mente de um parlamentar para saber o que ele queria alcançar com determinada palavra. Na minha opinião, nós temos que ter um apego radical à ideia de imunidade parlamentar. Cabe, sim, uma exceção à regra da imunidade parlamentar. Essas exceções já foram abertas pelo Supremo Tribunal Federal em casos de crime contra a honra, por exemplo. Mas quando falamos da análise de um ato do governo, a oposição tem o direito de ser dura, cruel, brutal e tem o direito de ter opinião errada.
A opinião, neste caso, é grosseiramente errada, totalmente fora da realidade, mas ela não abre uma margem para a responsabilização legal do deputado federal.
Agora, outros que propalaram essa fala, divulgaram, compartilharam, levaram adiante, podem. Eles não estão acobertados pela cortina que protege o deputado federal. Então, por mais que eu seja um dos brasileiros muito impactados ontem com a crueldade das palavras do deputado Nikolas Ferreira, com avaliações e informações completamente falsas, ele agiu acobertado pela imunidade parlamentar. Márlon Reis, advogado e ex-juiz eleitoral
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