'Estão roubando coisas do automóvel', diz dono de carro preso em ponte

O comerciante Gabriel Assunção, 30, teve o carro preso em uma rachadura aberta na ponte Juscelino Kubitschek, no Maranhão, no dia 22 de dezembro de 2024. Agora, um mês depois, descobriu que seu automóvel foi saqueado no local.
Pedi para funcionários que estão trabalhando no local pegassem minha carteira, que estava no carro, e descobri que estão roubando as coisas do meu automóvel.
Gabriel Assunção, 30, ao UOL
O que aconteceu
Assunção foi até perto do local interditado na terça-feira (21) e descobriu, por meio de funcionários, que seu carro foi saqueado. Segundo ele, peças e itens pessoais foram furtados enquanto o veículo está preso no local, inclusive sua carteira. Assunção comprou seu Fiat Palio 2012 há pouco mais de um ano. A Justiça Federal determinou no dia 15 que o DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) retire o veículo —o prazo dado foi de 10 dias.

Assunção e seu advogado, Daniel Andrade, pediram indenização entre R$ 30 mil e R$ 50 mil pelo veículo, além de R$ 100 mil por danos morais. "O carro é essencial para o trabalho e sustento da família. A ausência dele trouxe prejuízos financeiros e emocionais", explica o advogado.
Ele trabalha com a venda de defensivos agrícolas e depende do carro para visitar clientes. "Minha vida mudou completamente. Esses meses são os mais importantes para o meu faturamento, e sem o carro, não consigo trabalhar como antes", diz. "É frustrante ver meu carro lá, mas o importante é que estamos vivos."
Como foi o acidente
Assunção lembra com detalhes do momento em que conseguiu escapar do desabamento da ponte. "Coloquei a ré e fui saindo devagar, mas, quando olhei para trás, vi uma moto e outro carro no caminho. Foi Deus que me ajudou a manter a calma."
Era a terceira vez no dia que Assunção passava pela ponte. O desabamento aconteceu por volta das 15h. Gabriel estava na ponte com a esposa, Laís Lucena, 28, e a cunhada, quando percebeu algo errado.
A ponte estava esfarelada, e já no começo ela começou a balançar. Escapei de ré e vi os caminhões caindo na água.
Gabriel Assunção

Ele ainda voltou para "salvar o celular". Assim que viu a estrutura ruir, Assunção teve poucos segundos para agir. "Coloquei a ré, enquanto minha esposa e minha cunhada gritavam."
Quando parei, o carro ficou preso no buraco, ouvi um barulho de lata arrastando, pedi que pulassem. Foi um momento desesperador. Antes de ir, percebi que tinha esquecido o celular e voltei para pegar.
Gabriel Assunção

A rachadura, com cerca de 50 centímetros, parecia intransponível para Laís. "Ela disse que não conseguiria pular, mas eu insisti. Quando vi que ela pulou, fiz o mesmo."

O acidente resultou em 14 mortes, e três pessoas continuam desaparecidas. Dez veículos, incluindo caminhões, caíram no rio Tocantins, enquanto outros ficaram presos na estrutura comprometida —um deles, o carro de Assunção.
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