MG: como é a 'rodovia da morte', que causou polêmica com o presidente Lula

A história da BR-381, rodovia que liga Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo, é marcada por acidentes e negligência governamental; não à toa, foi batizada de "Rodovia da Morte" pelos motoristas. A fama se deve principalmente ao trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares.

O que aconteceu

A BR-381 é uma das rodovias mais perigosas do Brasil. Com um traçado sinuoso, pistas simples e falta de manutenção, a rodovia registrou 3.960 acidentes e 420 mortes entre 2018 e 2023, segundo a Polícia Rodoviária Federal. O apelido "Rodovia da Morte" reflete o medo constante de quem trafega por ela.

A rodovia foi criada em 1952, durante o governo de Getúlio Vargas. A pavimentação de boa parte do trecho se estendeu até 1960, sendo inaugurada por Juscelino Kubitschek. Após crescimento de acidentes ao longo da década de 1980, a rodovia chegou a ser compartilhada com o estado mineiro em 1996.

Moradores voluntários criaram grupo para ajudar motoristas e passageiros em apuros na rodovia. Segundo o governo federal, devido ao alto número de acidentes, moradores da cidade de João Monlevade criaram um grupo de voluntários para ajudar nos resgates e atendimentos a ocorrências na BR-381, o Sevor (Serviço Voluntário de Resgate).

Principais problemas da "Rodovia da Morte":

  • Traçado sinuoso e perigoso: curvas fechadas e declives acentuados, especialmente na Serra do Espinhaço, aumentam o risco de acidentes.
  • Pistas simples: a maioria do percurso tem apenas uma faixa em cada direção, facilitando colisões frontais.
  • Falta de manutenção: buracos, má sinalização e ausência de iluminação tornam a viagem ainda mais arriscada.
  • Neblina frequente: condições climáticas adversas, como neblina, reduzem a visibilidade em trechos críticos.
  • Tráfego intenso: a rodovia é um importante corredor logístico, com alto fluxo de caminhões e veículos pesados.
  • Ausência de acostamentos: em muitos trechos, não há espaço para veículos pararem em emergências.
  • Falta de áreas de escape: a inexistência de locais seguros para desvio em caso de falhas mecânicas ou acidentes agrava os riscos.

Polêmica na cerimônia

Para resolver a questão, o governo Lula decidiu entregar a rodovia à gestão privada. O projeto de concessão prevê investimentos de R$ 10 bilhões em 30 anos. A iniciativa inclui a duplicação de 106 km, 83 km de faixas adicionais, 51 correções de traçado, áreas de escape e 23 passarelas para pedestres.

A BR-381 será administrada pela Concessionária Nova 381. O trecho, com extensão total de 303,4 km, tem início em Belo Horizonte, no entroncamento com a BR-262 (que segue para Sabará), até o entroncamento com a BR-116 (Governador Valadares).

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A cerimônia de assinatura do contrato de concessão da BR-381, nesta quarta-feira (22), virou palco de críticas políticas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva comparou-se a Jesus Cristo ao falar sobre a renegociação das dívidas dos estados e criticou a ausência do governador de Minas Gerais, Romeu Zema, que busca a presidência em 2026.

Zema justificou sua falta com compromissos pré-agendados. E rebateu as críticas de Lula nas redes sociais, lembrando que o PT prometeu obras na BR-381 por anos sem entregar.

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