Vítima de arroz envenenado no PI volta a ser hospitalizada e morre
Colaboração para o UOL, de Belo Horizonte*
24/01/2025 18h12
Maria Jocilene da Silva, de 41 anos, morreu nesta sexta-feira (24) em um hospital da Parnaíba (PI). Ela consumiu o arroz envenenado que já havia matado cinco pessoas da mesma família, mas havia recebido alta. Ele era vizinha das outras vítimas.
O que aconteceu
Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA) confirmou a morte. "Neste momento de imensa dor, expressamos nossas mais sinceras condolências à família da paciente e reafirmamos que a equipe multidisciplinar do HEDA atuou com total dedicação", afirmou em nota.
Paciente foi internada no início do mês após comer arroz envenenado. Entretanto, ela recebeu alta poucos dias depois e voltou a ser internada nesta quarta-feira (22). Não foram dados detalhes sobre o motivo da segunda internação, ou se tem relação com o envenenamento do início do ano.
Causa da morte não foi divulgada. Segundo o hospital, o corpo foi encaminhado ao IML (Instituto Médico Legal). "A causa do falecimento será divulgada somente após a conclusão da investigação." O UOL procurou a Polícia Civil do Piauí e aguarda um retorno.
Relembre o caso
Cinco pessoas da mesma família morreram após comer arroz com chumbinho no dia 1º de janeiro. As vítimas fatais são Francisca Maria da Silva, 32, seu irmão Manoel Leandro da Silva, 18, e seus filhos Maria Gabriela da Silva, 4, Davi Pereira Silva, 1, e Maria Lauane Fontenele, 3.
Outras quatro pessoas foram internadas, mas receberam alta. São elas Maria Jocilene da Silva (vizinha da família), Francisco de Assis Pereira da Costa, 53 (padrasto de Francisca e Manoel), uma criança de 11 anos (filha de Francisco) e uma adolescente de 17 anos (irmã de Manoel).
Francisco de Assis Pereira da Costa foi preso como suspeito. Ele foi acusado de envenenar a família com arroz contaminado por terbufós, um inseticida de alta toxicidade.
A casa onde o crime ocorreu abrigava 11 pessoas. Francisco vivia com sua esposa, Maria dos Aflitos, os seis filhos dela e três netos.
Desprezo e ódio pelos enteados são apontados como a principal motivação. Durante os depoimentos, Francisco teria descrito Francisca com termos depreciativos como "boba", "matuta" e "inútil". Ele também chamou os filhos de sua esposa de "primatas" e demonstrou incômodo constante com a presença deles.
Ele teria manifestado a raiva pela enteada no leito de morte. Segundo o delegado, Francisco não escondia o desprezo por Francisca, mesmo quando ela já estava gravemente debilitada no hospital. Esse comportamento reforça a hipótese de um crime premeditado e motivado por sentimentos de raiva.
Dois filhos de Francisca morreram em agosto
Uma análise pericial cinco meses após o crime apontou que os meninos da mesma família mortos em agosto passado foram envenenados com a mesma substância utilizada no arroz. O laudo foi divulgado pelo Fantástico, da TV Globo, e colocam uma nova suspeita sob Francisco de Assis da Costa, padrasto da mãe das crianças.
Ainda não há um elemento que o coloque diretamente na cena do crime, mas já há informação de que aquelas crianças teriam ingerido outro alimento que não o caju. Ou seja, há um fato novo e, havendo um fato novo, é preciso que se analise toda essa circunstância Silas Sereno Lopes, promotor de justiça, ao Fantástico
O laudo divulgado mostra que Lucélia Gonçalves, presa desde o ano passado acusada de envenenar e matar os dois meninos de 7 e 8 anos pode ter sido detida injustamente. Inicialmente, a investigação apontava que as mortes das crianças teriam ocorrido por conta do envenenamento de cajus em um pé no quintal da mulher, que era vizinha da família. Hipótese da presença de veneno nos cajus que as crianças comeram foi descartada.
Lucélia deixou a Penitenciária Feminina de Teresina no dia 13 de janeiro. Apesar da liberdade, ela não poderá voltar para a sua casa porque o local foi incendiado por vizinhos na época da repercussão do crime. Em entrevista coletiva na saída da prisão, o advogado da mulher, Sammai Cavalcante, frisou que ela sempre se declarou inocente e que agora será acolhida na casa de familiares.
*(Com Agência Brasil)