Praia de Búzios tem 'surubão' com 15 homens: o que é a prática de cruising?
Do UOL, em São Paulo
25/01/2025 05h30
Apenas duas semanas após o "surubão do Arpoador", um novo grupo de cerca de 15 homens foi flagrado fazendo sexo ao ar livre em um local público. Dessa vez, em uma praia de Búzios. O vídeo foi registrado no último domingo (19).
O que aconteceu
Um homem que parecia estar em uma embarcação registrou imagens do grupo em meio às pedras, segundo a Folha de S. Paulo. As relações sexuais teriam acontecido na praia naturista Olho de Boi.
O naturismo tem regras e não inclui práticas sexuais, mas grupos teriam começado a frequentar o local com essa intenção. A prática feita nas duas ocasiões é conhecida como "cruising".
Mas o que é "cruising"?
É o termo para sexo gratuito, consensual e anônimo, praticado em um espaço público. O cruising ganhou popularidade na comunidade LGBTQIA+ por causa do preconceito, mas não é feito exclusivamente por homens gays.
É a prática de encontrar um completo desconhecido e ter contato sexual com ele. É muito comum na experiência do homem gay porque há muito tempo a maior parte deles estava no armário e muitos, inclusive, tinham mulher.
Caio Graneiro, psicólogo e sexólogo ao UOL
Falta de espaços seguros para relações sexuais fez com que homens gays recorressem a espaços públicos. Mesmo os bares gays eram "marcados", afastando homens supostamente heterossexuais de frequentá-los.
Você vai em um parque, olha para um cara, ele olha para você e vocês vão para o mato para alguma prática sexual. Aquilo teria um grau maior de despersonalização, você não sabe quem é a pessoa e ela não sabe quem é você.
Caio Graneiro
O anonimato é uma característica básica. Segundo Graneiro, ao contrário de outras práticas —como o dogging, que envolve casais— os praticantes do cruising não têm uma "comunidade" fortalecida, que se conhece. Os poucos grupos que existem servem mais para compartilhar informações sobre lugares seguros para os encontros, mas mantendo a "despersonalização".
Mas atenção: fazer sexo em público é crime. O artigo 233 determina que "praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público" é ato sujeito a detenção, de três meses a um ano, ou multa. Segundo Graneiro, não há lugar onde isso não aconteça: supermercado, museu, terminal e até em parques como o Ibirapuera, em São Paulo.