Caso Gritzbach: Delegado suspeito de extorquir policiais é alvo de buscas

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Alberto Pereira Matheus Júnior, delegado da Polícia Civil de São Paulo (PCSP), é alvo de mandados de busca e apreensão hoje relacionados à morte do delator do PCC (Primeiro Comando da Capital) e de policiais civis corruptos Vinícius Gritzbach.
O que aconteceu
Investigadores chegaram até o nome do delegado após análise do celular de Eduardo Lopes Monteiro, policial preso em 2024. A operação desta terça-feira (4) é feita em parceria do MPSP com a Corregedoria da Polícia Civil de SP. Eduardo Lopes Monteiro foi um dos delatados por Vinícius Gritzbach.
UOL informou no sábado que dois delegados estavam na mira da PF. Coluna de Josmar Jozino revelou que os policiais federais encontraram comprovantes de transferências via Pix para o delegado. A primeira transação, no valor de R$ 2.500 foi identificada em 28 de agosto de 2023. A segunda, de R$ 3.000, ocorreu em dezembro de 2023, em nome de um parente do delegado.
Alberto Pereira Matheus Júnior já foi divisionário do Departamento de Narcóticos e do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Ele também teve passagem pela Divisão de Homicídios Regional de Osasco e comandante da Delegacia Seccional de São José dos Campos.
Nas mensagens, o delegado pediria constantemente por dinheiro ao policial, seu subordinado hierárquico. Os pagamentos seriam feitos a parentes do delegado. O valor dos pagamentos não foi informado pela polícia. O UOL não encontrou até o momento a defesa do delegado.
Além de Eduardo Lopes Monteiro, estão presos quatro policiais civis, um advogado e dois empresários delatados Gritzbach. Eles são o delegado Fábio Baena Martins, os investigadores Marcelo Marques de Souza, Marcelo Roberto Ruggieri, o agente de telecomunicações Rogério de Almeida Felício, o advogado Ahmed Hassan Saleh, e Robinson Granger Moura, o Molly, e Ademir Pereira de Andrade.
Polícia Federal acredita que grupo formou organização criminosa. Segundo investigações da PF, as análises dos telefones celulares apreendidos com os presos indicam que eles cometeram diversos crimes como corrupção, lavagem de dinheiro e outros equiparados a hediondos.
Operação também cumpriu mandados em presídio

A operação de hoje também apreendeu celulares no Presídio da Polícia Civil, no Carandiru, em São Paulo. Os aparelhos estavam com os policiais Valdenir Paulo de Almeida, conhecido como "Xixo", e Valmir Pinheiro, conhecido como "Bolsonaro". Ambos também foram delatados por Vinícius Gritzbach e presos suspeitos de corrupção.
Os policiais estão presos desde novembro do ano passado. A Corregedoria investiga se eles continuavam dando ordens de dentro do presídio para outros agentes e membros do PCC. Eles são suspeitos de levarem R$ 90 milhões do PCC.
Relembre o caso
Antônio Vinícius Lopes Gritzbach se dizia ameaçado de morte pelo PCC e pivô de uma guerra interna na facção criminosa. O empresário foi atingido por quatro disparos ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos em 8 de novembro.
O veículo usado no crime foi abandonado nas imediações do aeroporto. Dentro dele, havia munição de fuzil e um colete à prova de balas.
Além de Gritzbach, outra pessoa morreu e duas ficaram feridas. O motorista Celso Araújo Sampaio de Novais, 41, foi levado para a UTI após ser atingido por um tiro nas costas, mas não resistiu e morreu no sábado (9). Samara Lima de Oliveira, 28, e o funcionário de uma empresa terceirizada do aeroporto, Willian Sousa Santos, 39, também foram socorridos ao Hospital Geral de Guarulhos.
Nenhum dos três tinha ligação com o empresário assassinado, disse a polícia. William sofreu ferimentos na mão direita e ombro e ficou em observação. Samara, atingida superficialmente no abdômen, já recebeu alta médica.
Havia recompensa pela morte de Gritzbach. Ele era acusado de ser o mandante da morte de um narcotraficante ligado ao PCC e também por delatar ao Ministério Público de São Paulo policiais civis envolvidos em casos de corrupção. Em abril, ele entregou ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial e de Combate ao Crime Organizado) um áudio de uma conversa entre dois interlocutores negociando a morte dele por R$ 3 milhões.
O empresário era réu pelos assassinatos de dois homens: Anselmo Becheli Santa Fausta, 38, o Cara Preta, criminoso influente no PCC — além do motorista de Cara Preta, Antônio Corona Neto, 33, o Sem Sangue. A dupla foi morta a tiros em dezembro de 2021 no Tatuapé, zona leste de São Paulo. Noé Alves Schaum, 42, acusado de ser o executor do crime, foi assassinado em janeiro de 2022, no mesmo bairro.
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