Caso Gritzbach: Diretor de prisão onde policiais suspeitos estão é afastado
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O diretor do Presídio Especial da Polícia Civil, no Carandiru, onde estão presos os policiais citados por Antônio Vinícius Lopes Gritzbach em delação, foi afastado. Mais cedo, o UOL revelou que uma operação encontrou dinheiro e celulares nas celas de dois agentes.
O que aconteceu
Ele foi afastado após determinação da Corregedoria da Polícia Civil. O órgão participou da operação realizada ontem, em parceria com o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), que, entre outros itens, apreendeu 23 celulares e R$ 10 mil em espécie na cela onde estavam os investigadores Valdenir Paulo de Almeida, o Xixo e Valdir Pinheiro, o Bolsonaro.
Os agentes também encontraram uma porção de drogas na cela. Os dois investigadores correm risco de serem transferidos para um CDP (Centro de Detenção Provisória), onde ficam presos comuns.
O UOL entrou em contato com a Secretaria de Segurança Pública sobre o afastamento do diretor. Se houver resposta, o texto será atualizado.
A chegada dos dois policiais, em setembro do ano passado, tumultuou o presídio. Detentos do regime semiaberto e outros do regime fechado, que já estão prestes a ganhar a liberdade, disseram às autoridades carcerárias que não querem conviver com Xixo e Bolsonaro na prisão.
O presídio já abrigava 69 presos, entre eles outros cinco delatados por Gritzbach, também investigados por corupção. São eles: o delegado Fábio Baena, investigadores Eduardo Monteiro, Marcelo Marques de Souza, o Bombom e Marcelo Rugieri, o Xará, além do agente de telecomunicações Rogério de Almeida Felício, o Rogerinho.
Propina de R$ 800 mil
Investigações da PF apontaram que foi em três parcelas que Xixo e Bolsonaro receberam R$ 800 mil de um dos maiores exportadores de cocaína para a Europa. O objetivo era interromper uma investigação sobre tráfico internacional de drogas.
A propina foi paga pelo narcotraficante João Carlos Camisa Nova Júnior, 39, o Dom Corleone, em 25 de novembro de 2020, por meio de uma empresa de fachada. A PF apurou que o criminoso fez dois depósitos de R$ 300 mil e um de R$ 200 mil na conta de um "laranja" dos policiais.
O pagamento foi intermediado pelo também narcotraficante André Roberto da Silva, o Urso, comparsa de Dom Corleone, e dois advogados acusados de envolvimento no esquema.
Camisa Nova e André foram acusados de tentar exportar 2,7 toneladas de cocaína para a Europa em 2020. A droga foi apreendida. O primeiro acabou condenado a 32 anos, um mês e 11 dias. O segundo recebeu uma pena de 27 anos e dez dias de reclusão.
Xixo e Bolsonaro tralhavam à época no Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico). Segundo a PF, ambos receberam a propina em troca de não levar adiante a Operação Alfaiate, que investigava a quadrilha de narcotraficantes.
André havia sido preso no final de 2021. Agentes federais apreenderam o telefone celular dele na ocasião. O aparelho foi periciado e as análises mostram detalhadamente as trocas de mensagens e áudios entre o criminoso e os policiais civis negociando o pagamento da propina.
Movimentações milionárias
Xixo recebia da Polícia Civil de São Paulo um salário líquido de R$ 5.165,10, mas movimentou R$ 16.199.112,03 em seis contas bancárias.
Bolsonaro ganhava R$ 7 mil líquidos por mês e registrou em cinco contas bancárias transações financeiras no valor de R$ 13.582.438,62. Eles eram do Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico).
O juiz Paulo Fernando Deroma de Mello, da 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital decretou a prisão preventiva dos dois policiais civis. A dupla foi alvo da Operação Face Off, deflagrada em setembro pela PF e Gaeco.
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