Após decolar, piloto de avião que caiu pediu 'retorno imediato', diz colega
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Um piloto que aguardava para decolar no momento em que uma aeronave caiu na zona oeste de São Paulo contou que ouviu o colega de profissão, Gustavo Medeiros, pedindo "retorno imediato" para a pista assim que decolou.
O que aconteceu
"Ele não declarou emergência, ele falou: 'Torre, solicito retorno imediato', aí não falou mais nada.", diz trecho de áudio. A mensagem foi enviada por outro piloto, que não foi identificado, a colegas. Ele ouviu a conversa pelo rádio, enquanto esperava na pista de decolagem do aeroporto do Campo de Marte.
Segundo a testemunha, a torre de controle tentou chamar o piloto pelo rádio após o pedido, mas não teve qualquer retorno. "Logo eu vi a fumaça. Decolaram os helicópteros aqui, já... complicado. Que triste", afirmou.
Estou no ponto de espera ainda, o cara (Medeiros) decolou na minha frente. Estou no ponto de espera aguardando. Estou aguardando aqui. Já faz uns 15 minutos ou 20 que estou parado aqui, que a torre mandou aguardar, né? Ele (Medeiros) não declarou emergência, ele falou: 'Torre, solicito retorno imediato, fox-echo-mike (FEM, o prefixo da aeronave), aí não falou mais nada.
Áudio de piloto que aguardava decolagem no momento da queda de avião em SP
Aeronave caiu minutos após decolagem. O piloto e o outro ocupante do avião, o advogado Márcio Carpena, morreram na hora. Cinco pessoas que estavam em um ônibus atingido por destroços precisaram de atendimento médico, assim como um motociclista que passava pelo local, se assustou e caiu durante o acidente.
*Com informações da Agência Estado
Duas pessoas morreram na queda

Um empresário gaúcho e o piloto do avião morreram, e seis pessoas ficaram feridas no entorno. Um avião de pequeno porte caiu na manhã de hoje muito próximo da marginal Tietê, do Allianz Parque e dos CTs do São Paulo e do Palmeiras.
Vítima era o dono da aeronave, o empresário e advogado gaúcho Márcio Louzada Carpena. A morte dele foi confirmada pela OAB-RS (Ordem dos Advogados do Brasil no Rio Grande do Sul). A identidade do piloto, Gustavo Medeiros, foi confirmada ao UOL por um amigo e sócio de Márcio. Márcio chegou a postar imagens do avião em seu Instagram minutos antes da queda.
Aeronave caiu por volta das 7h18, na altura do condomínio Jardim das Perdizes, depois de sair do Campo de Marte, na esquina com a av. Pompeia. Ela arrancou árvores, placas de trânsito e bateu na traseira de um ônibus, que estava parado para embarque e desembarque de passageiros, na Praça José Vieira de Carvalho Mesquita. O veículo da linha 8500 Terminal Pirituba-Barra Funda estava a 5 km do aeroporto.

Testemunha relatou que o piloto tentou pousar a aeronave. Segundo o personal trainer Adriano Molina, o avião se arrastou pela avenida até se chocar com a traseira do ônibus e explodir. Ele disse que viu alguns passageiros saindo do ônibus pela porta da frente.
Pelo menos seis pessoas ficaram feridas. O motorista do ônibus passa bem, mas foi socorrido e está em estado de choque. Ele foi afastado das suas funções na Viação Santa Brígida. Um motociclista foi atendido após ser atingido uma placa de trânsito. Uma idosa bateu a cabeça dentro do ônibus e teve um corte. Outras três pessoas no ponto ou dentro do ônibus também ficaram feridas, disse Kléber Vitor Santos, médico do corpo de Bombeiros.
Aeronave era um King Air com capacidade para até oito passageiros. O avião matrícula PSFEM foi fabricado em 1981 e transferido de dono em dezembro de 2024. Ele pertencia a empresa Máxima Inteligência Operações e Empreendimentos, de Porto Alegre, e não tinha autorização para fazer táxi aéreo, segundo o sistema da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). A aeronavegabilidade [estado de segurança da aeronave], porém, estava em situação normal.
Falha mecânica é a causa mais provável da queda. Foi o que disse o perito aeronáutico e forense Daniel Kalazans em entrevista ao UOL News. "Falarei como controlador e piloto. Operei muito no Campo de Marte, que tem uma área muito complicada após a decolagem. Tudo indica que foi uma falha técnica, mecânica. Entendo que ele [o piloto] tenha buscado o retorno. A melhor opção seria voltar para o próprio Campo de Marte e provavelmente isso não foi possível. O local de pouso ali naquela região é muito difícil. O piloto buscou a melhor opção, que foi tentar um pouso forçado na avenida [Marquês de São Vicente]. Mesmo assim, temos complicações. Em uma avenida, há postes, árvores, fios de alta tensão... Dificilmente ele lograria êxito".
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