'É ganha-pão': proibição de caixas de som na Paulista é alvo de protestos

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Um grupo de artistas se reuniu neste domingo (9), na Avenida Paulista, para protestar contra a proibição do uso de equipamentos de som em apresentações de rua durante o programa "Ruas Abertas".
O que aconteceu
Na semana passada, fiscais da gestão Ricardo Nunes (MDB) e policiais impediram o uso de caixas amplificadoras na Avenida. A Prefeitura alega que os equipamentos violam um Termo de Ajuste de Conduta, de 2007, que limita a três os eventos de grande porte na via: o Réveillon, a Corrida de São Silvestre e a Parada do Orgulho LGBT. Moradores da região também reclamam do barulho.
A manifestação ocorreu em frente à TV Gazeta, por volta do meio-dia. Artistas cantaram e discursaram contra a proibição. Segundo eles, as caixas amplificadoras são essenciais para apresentações de música, teatro e dança. Cerca de 100 pessoas participaram do ato.

O grupo defende a fiscalização do volume de som em vez de uma proibição total. "A Prefeitura considera as caixas de som como estrutura de eventos", disse o músico Gil Freitas, um dos organizadores do ato.
Tem artistas que vivem dessas apresentações. É o ganha-pão de muita gente.
A cantora Karin Hessel, que se apresenta na Paulista há quatro anos, afirmou que a medida prejudica seu trabalho. "No meu caso, que sou cantora, é impossível me apresentar sem amplificador. Faço três ou quatro horas de show e preciso competir com outros sons", disse.
A manifestação também atraiu pessoas que frequentam a Paulista nos finais de semana. A psicanalista e escritora Maria Rita Kehl criticou a restrição. "O prefeito acha que vai gerir uma cidade impedindo o que a gente tem de melhor, que é a cultura. Ninguém vem à Paulista só para ver prédios. Você vem para ouvir música, escutar uma poesia."

Parlamentares de esquerda estiveram no ato. A deputada Paula Nunes (PSOL), uma das primeiras a chegar, classificou a proibição como "arbitrária". Além dela estavam os vereadores Nabil Bonduki (PT), Toninho Vespoli (PSOL) e Celso Giannazi (PSOL), os deputados estaduais Carlos Giannazi (PSOL) e Eduardo Suplicy (PT) e a deputada federal Sâmia Bomfim (PSOL).
O Ministério Público e o Tribunal de Contas do Município foram acionados contra a medida, disse Carlos Giannazi. De acordo com o parlamentar, na próxima semana será convocada uma audiência pública na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo) para discutir o tema.
Na sexta-feira (7) o Subprefeito da Sé, Coronel Camilo, se reuniu com artistas de rua para discutir a situação. Participaram também integrantes de associação dos moradores e representantes da Guarda Civil Metropolitana e da Polícia Militar. "O objetivo é ouvir todos, entender os problemas, buscar melhorias", disse Camilo em vídeo nas redes sociais.
O que diz a subprefeitura
A Subprefeitura Sé considera que as apresentações musicais são uma marca da Avenida Paulista. A fiscalização é voltada para casos excepcionais, para músicos com grandes estruturas, como palcos e mesas de som.
A Subprefeitura ouviu diversos atores da Avenida Paulista, incluindo bandas, moradores, síndicos e empresários, e criou um Grupo de Trabalho com o objetivo de elaborar uma proposta para o uso da avenida durante o Programa Ruas Abertas. A primeira reunião está agendada para segunda-feira (10).
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