Esgoto se espalha pela rua Augusta e invade imóveis: 'Cheiro insuportável'
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Há cerca de um mês, o comércio da famosa rua Augusta, no centro de São Paulo, divide a atenção de quem passa pelo local com o mau cheiro provocado por um esgoto que ocupa as sarjetas do ponto turístico.
O que aconteceu
O odor era a principal reclamação de quem trabalhava ou passava pelo local quando o UOL visitou a rua, na quinta-feira (6). "É um cheiro insuportável", disse uma mulher, que preferiu não se identificar, enquanto trabalhava em frente ao esgoto. "Eu estou convivendo com esse cheiro durante toda a tarde, porque trabalho bem aqui em frente. É um descaso."
Na semana passada, o esgoto chegou a invadir imóveis e causar prejuízo aos comerciantes. A água com dejetos alcançou cerca de um metro do estacionamento de um dos imóveis, na altura 2854, no Jardins. O dono Márcio Tayae disse que está processando a Sabesp:
Já gastei cerca de R$ 30 mil com aluguel de bombas para retirar o esgoto e ainda devo gastar mais com limpeza.

Inicialmente, a Sabesp afirmou ao UOL que uma vistoria constatou que a rede de esgotos estava operando normalmente. Segundo a companhia, a água que escorre pelas sarjetas é proveniente de uma obra de um prédio, que está desabitado. A empresa não informou ao UOL sobre qual imóvel ela está se referindo.
Após a publicação da matéria, a Sabesp afirmou que "aprofundou a investigação" e identificou um entupimento do coletor de esgoto. Esse problema seria causado, segundo a empresa, pelo lançamento irregular de água de chuva por imóveis da região. Em meio às fortes chuvas que atingiram São Paulo recentemente, essas ligações teriam lançado materiais diversos na tubulação, como areia e outros sedimentos.
A companhia disse que limpou o coletor na sexta-feira (7) e no sábado (8). "Foram feitas também a limpeza e a desinfecção dos imóveis afetados", diz o comunicado da Sabesp.

Fortes chuvas pioraram situação
Trabalhadores da rua Augusta disseram que o esgoto começou a invadir imóveis após as fortes chuvas de 24 de janeiro. Naquele dia, a capital paulista registrou 125,4 mm de chuva, o terceiro maior volume desde o início da série histórica do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), em 1961.
Dieylla Gomes, gerente de um salão no local, estima que já gastou cerca de R$ 50 mil com uma reforma hidráulica, geladeira e novos móveis. "Foi uma destruição", resumiu. "Já estou em contato com advogados para avaliar a possibilidade de processar a Sabesp", disse.

O UOL caminhou pela rua Augusta na quinta e encontrou bocas de lobo jogando o esgoto de volta na pista. Ana Paula Silva, que trabalha na região e pega ônibus todos os dias no local, disse que na semana passada foi molhada com a água suja por um carro que acelerou por cima de uma poça.
Fiquei suja, fedendo. Agora eu fico mais afastada para evitar que isso aconteça.
Renzo Nascimento, que trabalha como garçom em uma padaria na rua, teve que afastar as mesas da porta para que os clientes não reclamassem do mau cheiro. "Muito fedido mesmo, o ambiente ficou muito ruim. Acaba afetando todo mundo, não tem jeito. Para a gente que trabalha com comida, então, é complicado. Os clientes reclamam", afirmou.
A prefeitura informou que realizou a limpeza das bocas de lobo no último sábado (8). A Subprefeitura Pinheiros afirmou que o trabalho foi feito "em toda extensão da Rua Augusta, incluindo os cruzamentos da via". "Além disso, a Sabesp foi acionada para executar os serviços necessários no esgoto dos imóveis particulares", explica, em nota.
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