'Quero que você morra': o que dizia professora presa por perseguir dentista
Do UOL, em São Paulo*
10/02/2025 13h51Atualizada em 10/02/2025 13h51
Presa recentemente por suspeita de stalking, uma professora de música identificada como Priscila, 24, perseguiu e enviou diversas mensagens ao dentista Felipe Cordeiro do Nascimento, desde que iniciou um tratamento dentário com ele, em 2019, em Itajaí (SC), segundo a Polícia Civil.
O que aconteceu
Suspeita passou a enviar áudios em tom de ameaça ao dentista em 2023. Naquele ano, Felipe começou a namorar a empresária e biomédica Bruna Vanusa Mascarello Moro, que também se tornou alvo de Priscila quando o casal começou a divulgar fotos nas redes sociais, segundo divulgado em reportagem do Fantástico no último domingo (9).
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Contatos de Priscila eram "monólogos", relatou dentista. Ao Fantástico, Felipe explicou que a professora de música "fantasiava" que vivia em um relacionamento com ele desde 2019. Segundo ele, as frequentes mensagens enviadas por Priscila ao longo dos últimos anos não eram respondidas e diziam "coisas absurdas".
Eram monólogos. Ao mesmo tempo que ela [diz que] ama, ela briga, discute, xinga e quer matar. Felipe Cordeiro do Nascimento em relato ao Fantástico
'Quero que você morra'
Além de contatos com Felipe por mensagens privadas, suspeita divulgava declarações pelas redes sociais. "Mais um dia dos namorados, (...) que saudade de você. Te amo, meu eterno namorado", disse ela em uma das gravações postadas com menção ao dentista.
Priscila chegou a ameaçar namorada de Felipe de morte. Em uma das mensagens enviadas a Bruna em 2023, a professora gravou um áudio em que dizia: "Eu quero que você morra, morra e pague por tudo que fez na minha vida. Sua p****, invejosa, mau caráter, prostituta, invejosa, destruidora de vidas". Veja abaixo outras mensagens enviadas por Priscila ao casal, conforme divulgado pelo Fantástico.
Você querendo ou não, não tem problema, eu espero meu amor.
Não vejo a hora de me casar com você e, até lá, eu vou te dar o troco por tudo. Me aguarde. Assista às cenas dos próximos capítulos.
Priscila, em mensagens de áudio enviadas a Felipe
Professora também passou a perseguir casal pessoalmente. Ainda ao Fantástico, Felipe e Bruna contaram que, logo no começo do namoro, estavam em uma praia em Itajaí quando Priscila apareceu de repente e confrontou o casal. Pouco depois, ela descobriu onde Felipe morava, foi até o local, conseguiu entrar no prédio e subir até o seu andar.
"Ela sentou no chão da porta, a polícia chegou e foram lá retirar ela", contou Felipe. Segundo ele, a polícia entrou no caso após Priscila invadir seu prédio e as advogadas do casal pedirem medidas protetivas contra a professora.
Em 2024, Justiça proibiu suspeita de se aproximar, manter contato ou mencionar casal nas redes sociais. Segundo a Polícia Civil, porém, nos últimos meses, Priscila intensificou as perseguições, criando emails falsos e utilizando celulares de terceiros para enviar mensagens com injúrias e ameaças.
No início de fevereiro, professora foi presa preventivamente em Itajaí. O UOL não localizou a defesa de Priscila. O espaço está aberto para futuras manifestações.
O que caracteriza o stalking?
Crime de stalking é previsto no artigo 147-A do Código Penal. Ele é definido como perseguição reiterada que ameaça a integridade da vítima ou invade sua privacidade e liberdade. Segundo a advogada criminalista Amanda Scalisse, "a mera curiosidade em redes sociais não configura infração penal, mas a prática deve ser persistente para se tornar crime".
Stalking pode ocorrer de diversas formas. Entre elas, está o envio repetitivo de mensagens, ligações, criação de perfis falsos para vigiar a vítima, monitoramento de rotinas e até perseguição presencial. "Pode haver ameaça direta à liberdade de locomoção da vítima, forçando-a a mudar sua rotina e gerando danos psicológicos", explica Patricia Peck, especialista em Direito Digital.
Prática é crime previsto no Brasil desde 2021 e pode levar à reclusão de 6 meses a 2 anos, além de multa. A pena aumenta em 50% se o crime for cometido contra crianças, idosos, mulheres ou envolver mais de um agressor.
Especialista em Direito Penal ressalta consequências do stalking a vítimas. Segundo Leonardo Pantaleão, "o stalking envolve perseguição, assédio ou vigilância indesejada, podendo causar sérios danos emocionais e psicológicos, como ansiedade, depressão e trauma".
A punição também tem caráter preventivo, de acordo com advogado. "A ausência de penalidades pode perpetuar ciclos de violência e garantir a impunidade dos agressores, aumentando a vulnerabilidade das vítimas", afirma.
Como evitar e denunciar um stalker?
Especialistas recomendam reduzir exposição nas redes sociais e não interagir com perseguidor. Caso o crime ocorra, é fundamental reunir provas como mensagens, emails e vídeos. "Os prints nem sempre são aceitos como prova judicial, então é essencial manter registros originais das interações", alerta Scalisse.
Vítima pode registrar um boletim de ocorrência e pedir medidas protetivas. "Se a situação se agravar, a polícia pode decretar prisão preventiva para evitar que o crime continue", explica a advogada Elyana Castilho.
*Com informações de matérias publicadas em Tilt e Universa