'Gritava que não queria morrer': docente sofre agressão de policiais no RS
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Luan Gonçalves da Cunha, mulher trans e docente de Porto Alegre, foi agredida pela Brigada Militar (BM) durante a primeira noite de Carnaval no Rio Grande do Sul.
O que aconteceu
Polícia dispersava grupo em via pública. Na noite de sexta-feira (28), por volta das 22h, Luan, 22, estava com amigos em frente a um bar quando policiais militares chegaram em viaturas e pediram que desocupassem a rua com a alegação, segundo Luan, de que eles estavam impedindo os carros de passarem.
Em nota, a Brigada Militar disse que foram necessárias ações para conter as agressões sofridas por policiais. A versão, contudo, difere da de foliões que estavam no local. A alegação é de que a polícia os agrediu por discordar de filmagens que estavam sendo feitas dos agentes.
Chega a ser bizarro o clima "hostil" agora na Cidade Baixa. Por todo bairro, ruas com viaturas passando e esquinas com 2 ou mais policiais parados - e outros caminhando pelas ruas
-- juan romero (@juangbromero) March 1, 2025
Pelo lado da segurança, é positivo. Mas pelo lado da diversão, inibitivo. Contraditório, porque... pic.twitter.com/NtbbOOvWGh
Filmagem registra violência policial. Segundo relato de Luan ao UOL, ela estava tendo uma conversa tranquila com um dos policiais quando o sargento responsável pela operação o empurrou por não gostar da abordagem da professora.
Ao pegar o celular para registrar a operação, Luan afirmou ter sido agredida. Vídeos que circularam nas redes sociais mostram socos, chutes e um policial pressionando o joelho contra o pescoço da jovem. O uso de spray de pimenta também foi registrado.
Eu apanhei muito, muito mesmo. Fiquei uns cinco minutos seguidos apanhando. Eu não xinguei ninguém e nem fui violenta. Me algemaram e quando foram me colocar no carro da polícia, bateram minha cabeça com muita força no camburão.
Luan Gonçalves da Cunha
Vítima diz que já estava imobilizada. "No vídeo dá para ver que eu gritava que já estava rendida", disse Luan à reportagem. Com alguns amigos, Luan foi levada ao hospital, mas alega que nenhum exame foi feito. "O policial pressionou o enfermeiro para me liberar direto", disse.
Enquanto os amigos eram atendidos, Luan foi levada novamente para o carro da polícia. "Eu gritava que não queria morrer, vai saber o que eles iam fazer comigo. Fiquei no camburão por uma hora enquanto meus amigos estavam tendo atendimento médico."
Os policiais faziam chacota com a gente, favam que não ia dar nada para eles. Fizeram até uma figurinha [de WhasApp] da minha amiga se debatendo no chão.
Luan Gonçalves da Cunha
Polícia alega ter sido agredida. Em nota divulgada à imprensa, a Brigada Militar disse que os policiais que estavam no local foram hostilizados, que invadiram o perímetro ocupado pela polícia e que, diante disso, "foram necessárias ações com o intuito de controlar e conter as agressões, a fim de restabelecer a ordem e a segurança pública".
Inquérito foi instaurado. Ainda de acordo com a BM, foi instaurado Inquérito Policial Militar imediatamente após o ocorrido para apurar os fatos e que "a Corregedoria-Geral da Brigada Militar está acompanhando as investigações sobre o caso". Procurada pela reportagem, a Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul não respondeu aos questionamentos enviados.
REPRESSÃO POLICIAL
-- Grazi Oliveira (@agrazioliveira) March 1, 2025
? IMAGENS FORTES ?
Ontem (28/02), em plena sexta-feira de carnaval, a Brigada Militar reprimiu brutalmente jovens na Cidade Baixa. Chutes, pisadas no pescoço, imobilizações e spray de pimenta foram usados como abordagem. pic.twitter.com/yyTZohpdjR
Vítima diz estar bem. Após sair da 2ª DP de Porto Alegre, Luan disse que procurou um hospital e que, apesar das agressões, de estar com lesões no olho e pelo corpo, nenhuma delas é grave e que já teve alta médica.
Veja nota completa da Brigada Policial
"A Brigada Militar, através do 9º BPM, informa que na madrugada deste sábado (1º), no bairro Cidade Baixa, durante o transcorrer da Operação Carnaval, ocorreu uma desordem envolvendo diversas pessoas que estavam obstruindo a via, sendo necessária a intervenção dos policiais militares no local.
Diante da hostilidade crescente e da tentativa de invasão do perímetro policial por populares, foram necessárias ações com o intuito de controlar e conter as agressões, a fim de restabelecer a ordem e a segurança pública, bem como preservar a integridade das pessoas, do patrimônio, das guarnições e de toda população presente no local.
Informamos que, de imediato, foi instaurado Inquérito Policial Militar para apurar os fatos e a Corregedoria-Geral da Brigada Militar está acompanhando as investigações sobre o caso".
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