Caso Vitória: crime mostra desprezo por corpo feminino, diz advogada
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O crime que levou à morte de Vitória Regina de Sousa, de 17 anos, mostra o total desprezo pelo corpo feminino, apontou Fernanda Perregil, advogada, professora e especialista em direitos humanos, em entrevista ao UOL News.
Um ponto importante é a forma como a vítima é encontrada, que diz muito se é ou não feminicídio. É o menosprezo pela condição da mulher. A forma como a vítima é encontrada é que traz e revela que aquele crime foi cometido como uma situação de menosprezo, humilhação, discriminação contra o corpo de uma mulher.
Fernanda Perregil
A jovem Vitória Regina teve o cabelo raspado e foi torturada antes de ser assassinada. O crime segue sob investigação da Delegacia de Cajamar.
O corpo da adolescente foi encontrado na quarta-feira com muitas marcas de violência. Ele foi localizado em uma trilha no bairro de Ponunduva, na zona rural de Cajamar, região metropolitana de São Paulo, por uma equipe da Guarda Municipal.
A advogada Fernanda Perregil destacou as situações de risco em que Vitória foi colocada ao voltar do trabalho para casa.
A situação pessoalmente me chocou muito. Ela foi abordada e se sentiu com medo em mais de uma oportunidade retornando para casa. Foi quando ela estava se dirigindo ao ponto, depois dentro do ônibus, depois quando ela desceu do ônibus.
São tantas situações de risco e de ameaça que essa mulher foi colocada voltando do trabalho para casa, que é muito assustador.
Tem uma lei para o município de São Paulo, que é a lei 16.490 de 2006, que possibilita que para mulheres e idosos, os ônibus podem parar fora dos locais dos pontos num período entre 22h e 5h da manhã.
Principalmente quando se trata de uma situação de risco principalmente envolvendo mulheres e idosos. É importante que a gente saiba disso.
Naquele momento, o motorista poderia ter parado fora do ponto. Claro que teria que a passageira o avisar que ela está em uma situação de ameaça, mas é bom que as pessoas saibam que existe esse direito colocado numa legislação.
Fernanda Perregil
No Dia da Mulher, a advogada ressaltou que a data não é para comemoração, mas sim conscientização, relembrando que a objetificação da mulher é algo cultural no Brasil.
A gente está no Dia da Internacional das Mulheres e é importante a gente falar que é um dia de conscientização, não é um dia de celebração, dia de conscientização para a gente olhar para esses dados [de violência], são assustadores.
Temos que pensar que a objetificação da mulher como propriedade é algo cultural no nosso país, e é isso que a gente precisa educar as pessoas, de que nós devemos tratar as mulheres não só com respeito, mas com os mesmos direitos.
Fernanda Perregil
Cris Fibe: Dia da Mulher exige reflexão sobre perda de direitos já adquiridos
No Dia Internacional da Mulher, a colunista de Universa Cris Fibe refletiu sobre o atual momento do mundo, com as mulheres perdendo alguns de seus direitos já adquiridos, em análise no UOL News.
É um momento de fricção. A gente está vendo o crescimento da extrema direita pelo mundo, e o crescimento da extrema direita vem com uma série de retrocessos. Então, é um momento de atenção. A gente está perdendo direitos já adquiridos.
A gente está vendo isso nos Estados Unidos com Donald Trump, que assume com um discurso abertamente transfóbico, que derruba políticas de gênero, de raça. A gente já viu isso no Brasil no governo de extrema direita e essa ameaça não cessou ainda.
Cris Fibe
Assista ao comentário:
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 —Central de Atendimento à Mulher— e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.
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