Caso Vitória: Polícia prende suspeito de envolvimento na morte de jovem

A Polícia Civil prendeu hoje Maicol Antonio Sales dos Santos, um dos suspeitos de envolvimento na morte de Vitória Regina Sousa, 17, em Cajamar (SP). O corpo da adolescente foi encontrado com sinais de tortura sete dias após ela desaparecer quando voltava do trabalho para casa.

O que aconteceu

Maicol é dono do veículo Corolla que teria sido visto no local onde Vitória desapareceu. "Não há um único caminho investigativo que não aponte o envolvimento de Maicol com os fatos investigados", escreveu a juíza Juliana Junqueira na decisão em que acatou o pedido de prisão temporária.

A Polícia Civil também pediu a prisão temporária de outro suspeito, identificado como Daniel Lucas Pereira, mas a Justiça negou. Porém, a juíza autorizou busca e apreensão na casa dos dois investigados.

Maicol afirmou à polícia que na noite de 26 de fevereiro, quando Vitória desapareceu, estava em casa com a esposa. No entanto, a companheira disse que estava na casa da mãe dela, onde ficou até o dia seguinte.

Vitória Regina de Sousa, 17, adolescente encontrada morta em Cajamar
Vitória Regina de Sousa, 17, adolescente encontrada morta em Cajamar Imagem: Montagem/Reprodução

Vizinhos afirmaram que perceberam uma "movimentação atípica" na casa do suspeito naquela noite. Uma testemunha disse que ele entrava e saía da garagem e afirmou a amigos que o carro teria "ficado bom".

O suspeito também pediu para que publicassem nas redes sociais, segundo a decisão judicial, que seu envolvimento no caso era "fake news". A juíza escreveu que a atitude sugere tentativa de obstrução do processo.

Já Daniel Pereira disse no depoimento que fotografou o Corolla no dia seguinte ao desaparecimento em meio a notícias que colocavam o carro na cena do crime. Ele teria sido questionado por Maicol sobre o motivo da foto.

Ao negar o pedido de prisão de Daniel, a juíza entendeu que somente a foto o relacionava ao caso. "Circunstância provisoriamente esclarecida pelo representado e que, por si, não justifica a excepcional e drástica prisão temporária", argumentou a magistrada.

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A juíza também autorizou a quebra de sigilo telefônico de eventuais aparelhos apreendidos durante as buscas.

Os policiais encontraram hoje um local para onde Vitória foi levada antes do crime, segundo a SSP-SP. A pasta informou apenas que o local foi periciado e "alguns objetos" foram apreendidos.

O UOL tenta localizar as defesas de Maicol e Daniel sobre as investigações. O espaço segue aberto para manifestação.

Entenda o caso

Filmagem de câmera de segurança mostra jovem caminhando até ponto de ônibus em Cajamar (SP)
Filmagem de câmera de segurança mostra jovem caminhando até ponto de ônibus em Cajamar (SP) Imagem: Reprodução/RecordTV

Imagens mostram quando Vitória sai do trabalho e caminha em direção a um ponto de ônibus no dia 26 de fevereiro. Ela entra no primeiro ônibus e manda mensagem para uma amiga como se estivesse bem, segundo o delegado Aldo Galiano.

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Depois, ela pega um segundo ônibus e suspeita de dois homens. Vitória manda outra mensagem para a amiga dizendo que estava com medo de estar sendo seguida.

Vitória desce do ônibus, enquanto um dos homens continua no veículo e o outro desembarca. Esse segundo suspeito a acompanha até um ponto de ônibus próximo à casa dela, de acordo com a investigação. A partir desse momento, o Corolla é visto. Ela também fala para a amiga que dois rapazes em outro veículo, um Yaris, "mexem" com ela.

Gustavo Vinícius Moraes, ex-namorado de Vitória, também é investigado. A polícia já sabe que ele estava próximo do local do crime no momento em que Vitória desapareceu e ignorou uma mensagem dela.

Naquela noite, ela pediu uma carona após sair do trabalho, mas Gustavo não respondeu. Normalmente, Vitória fazia o trajeto com o pai, mas o carro da família estava em uma oficina mecânica e ela teria que fazer o percurso a pé.

Em seu primeiro depoimento, Gustavo Moraes alegou que não viu a mensagem porque estava em um encontro com uma menor de idade e só acessou o WhatsApp por volta das 4h. Porém, a polícia descobriu que ele acessou o aplicativo de mensagens antes e respondeu apenas um "ok" às mensagens da família de Vitória sobre o desaparecimento.

Corpo de Vitória foi encontrado na última quarta-feira com sinais de tortura no bairro Ponunduva, zona rural de Cajamar. Ela foi degolada, estava com a cabeça raspada e tinha marcas de facada no rosto. As mãos dela estavam enroladas em um saco plástico para evitar que as unhas ficassem com algum resquício de DNA dos assassinos, afirmou o delegado Aldo Galiano.

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A polícia também investiga se o PCC está envolvido com o crime. Segundo o delegado, a jovem foi encontrada com o cabelo raspado — o que é considerado um sinal deixado pela facção paulista por traição amorosa. Galiano também disse que, há quatro meses, um integrante do PCC foi preso na região onde o corpo foi encontrado.

O advogado Edemm Shalon, que representa Gustavo, contesta informações da Polícia Civil. Ao UOL, ele nega que o cliente fosse ex-namorado de Vitória, como apontam as investigações. A defesa afirma que eles saíram algumas vezes, mas não tinha "uma relação oficializada".

Álibi diferente. Segundo o delegado Aldo Galiano, responsável pela investigação, Vitória tentou conversar com Gustavo antes de desaparecer: ela queria que ele fosse buscá-la no ponto de ônibus, mas ele não atendeu, pois estaria num encontro com "uma menor de idade", de acordo com a polícia. Shalon confirma que Gustavo não atendeu porque estava com outra garota, mas diz que ela tem 27 anos.