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PMs matam colombiano com 35 tiros e combinam versão falsa para BO em SP

PMs foram indiciados pelo assassinato do colombiano - Reprodução/TV Globo PMs foram indiciados pelo assassinato do colombiano - Reprodução/TV Globo
PMs foram indiciados pelo assassinato do colombiano Imagem: Reprodução/TV Globo

Colaboração para o UOL, em São Paulo

12/03/2025 16h18

Quatro policiais militares de São Paulo foram indiciados pela morte de um colombiano dentro de um apartamento no centro da capital. O caso ocorreu em 24 de dezembro passado, mas os agentes só foram indiciados agora após imagens do crime circularem na imprensa.

O que aconteceu

Policiais foram acionados para atender uma ocorrência de ameaça. No local, os militares encontraram um colombiano que estava em aparente surto e, supostamente, ameaçava a vida de um cachorro com uma arma branca.

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Toda a ação foi gravada pelas câmeras corporais dos agentes. As imagens mostram quando os policiais, ainda no corredor do prédio, falam com o homem, que está dentro do apartamento, e pedem para que ele largue a arma branca e se entregue.

Negociações duraram cerca de dez minutos e um agente tentou usar uma arma de choque, que não é letal para conter o homem, mas o equipamento não funcionou. Na sequência, os policiais efetuaram dezenas de disparos. É possível ouvir os tiros e em seguida se forma uma nuvem de fumaça decorrente da pólvora.

Quando os militares entraram no apartamento, o homem estava ferido, mas ainda vivo. Por fim, os policiais voltam a atirar e matam o homem à queima-roupa. No total, foram efetuados 44 disparos, dos quais 35 acertaram o colombiano. O cachorro que estava dentro do apartamento também foi morto. As informações são de perícia realizada a pedido da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, que investiga o caso.

Após assassinarem o colombiano, PMs combinaram uma ação forjada para registrar no boletim de ocorrência e se livrarem de possíveis penalidades. Em áudios divulgados pela TV Globo, é possível ouvir um deles, que seria o chefe da operação, dizer que é para alegar que o colombiano "foi para cima" deles, sendo "necessária a utilização" do uso de arma de fogo. "Ele foi para cima, fora de si, com uma faca ameaçando a vida dos senhores. Foi necessária a utilização. Entendeu?", diz o militar.

PM chefe da operação reforça a justificativa forjada de legítima defesa. "Indivíduo armado, agressivo, colocando a vida dos senhores... O procedimento diz o quê? Arma de fogo. Mesmo assim tentaram utilizar a (arma de choque). Ou seja, tentaram um método menos letal dentro da possibilidade, certo? Não há o que se falar. Primeiro de tudo, o senhor (PM) se acalma. Porém, procedimento é procedimento, senhores. Quem disparou? Apenas vocês quatro, né? Tá bom".

SSP-SP informou que os quatro policiais estão afastados das ruas desde a ocorrência do fato, na véspera de Natal passado. O caso é investigado por meio de Inquérito Policial Militar, conduzido pela própria PMSP, e também pelo DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa).

Secretaria não informou a identidade do colombiano assassinado. Na ocasião, a polícia disse no boletim de ocorrência ter encontrado drogas no apartamento, mas não informou se eram da vítima — ele morava com outras duas pessoas. SSP-SP também não disse se o homem possuía antecedentes criminais.

Os PMs indiciados não tiveram os nomes divulgados. Por esse motivo, o UOL não conseguiu localizar as defesas dos militares para pedir posicionamento. O espaço segue aberto para manifestação.


Cotidiano