Dono da Dolly é condenado por corrupção ativa e crime ambiental em SP

O dono da fábrica de refrigerantes Dolly, Laerte Codonho, foi condenado a prisão por corrupção ativa e crime ambiental na Grande São Paulo.

O que aconteceu

Penas somadas chegam a 16 anos. Codonho foi condenado a 11 anos e 4 meses de reclusão, além de quatro anos e 10 meses de detenção. A Justiça determinou que o cumprimento da pena de reclusão deve começar em regime fechado, e o de detenção, voltada a crimes considerados mais brandos, iniciada em regime semiaberto. A defesa ainda pode recorrer.

Codonho foi condenado por quatro tipos de crime. A sentença, publicada na última quinta-feira, cita que ele incorreu em corrupção ativa, inclusive de policiais, crime ambiental, falsidade ideológica e falsificação de documento particular. Além da prisão, o empresário foi condenado a pagar multa de mais de R$ 550 mil.

Ao UOL, Codonho negou as acusações. Ele afirmou que a denúncia foi "fabricada" por promotores do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) para beneficiar empresas concorrentes da Dolly (veja o posicionamento completo ao fim do texto).

Além de Codonho, outras sete pessoas foram condenadas. De acordo com as investigações, eles tiveram participação nos crimes pelos quais o empresário é acusado.

Desmatamento ilegal e corrupção

Empresário foi condenado por desmatamento ilegal em área preservada em São Lourenço da Serra, na Região Metropolitana de São Paulo. De acordo com as investigações, Codonho deu ordens para construção de um empreendimento irregular, o que causou inundações e prejuízos aos moradores.

Para evitar punições e viabilizar o empreendimento, empresário pagou propina a servidores. Segundo as investigações, policiais militares e civis e um então diretor de Obras da prefeitura receberam vantagem indevida para permitir a continuidade do desmatamento da área.

Empresário era a mente por trás de atos criminosos, diz Justiça. De acordo com a sentença, assinada pelo juiz Djalma Moreira da Silva Gomes, da Comarca de Itapecerica da Serra, Codonho usa seu poder como dono do Grupo Dolly para "empregar esforços para atuar à margem da lei".

Continua após a publicidade

O que diz Laerte Codonho

Codonho afirmou que sua condenação foi "armada" por promotores do MP-SP (Ministério Público de São Paulo). Ao UOL, ele disse que integrantes do Gedec (Grupo de Atuação Especial de Repressão aos Delitos Econômicos) do MP, que foram responsáveis pelas investigações contra o empresário, são "ligados à concorrência".

UOL procurou o MP-SP. Se houver resposta, o texto será atualizado.

Dono da Dolly afirmou que investigações foram baseadas em relatório de empresa que teria como acionistas ex-diretores da Coca-Cola e da Ambev. "A Neoway gerou todos os relatórios que nos causaram esses problemas", disse ele, que vê uma intenção das concorrentes de prejudicar a Dolly.

Não é a primeira vez que Codonho faz acusações contra a empresa de big data Neoway. No passado, no entanto, ele afirmou que procuradores do governo estadual, e não do Ministério Público, teriam relação com a empresa. A Neoway chegou a ser contratada pela PGE (Procuradoria-Geral do Estado de São Paulo) para fornecer dados em processos contra sonegação fiscal. Em 2018, quando foi preso por crime fiscal, Codonho apareceu em foto segurando cartaz com a frase "Preso pela Coca-Cola".

Codonho argumenta que obra que gerou sua condenação foi liberada pela Justiça. Em janeiro, uma decisão da Vara de Itapecerica da Serra determinou o retorno obras de uma das empresas dele em São Lourenço da Serra, na Região Metropolitana de São Paulo, para exploração de água mineral. "Como podem dizer que foi irregular uma obra que foi liberada pela Justiça? Isso é um absurdo", disse Codonho.

Continua após a publicidade

Codonho nega pagamento de propina. "Eu nunca vi nenhum desses agentes públicos. Nunca conversei, nunca tive contato", rebate.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.