Voepass: Mãe de vítima diz que empresa brincou com a vida humana

Fátima Albuquerque, representante da associação dos familiares das vítimas da queda do avião da Voepass em Vinhedo (SP), que matou 62 pessoas no dia 9 de agosto de 2024, criticou a demora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) pela demora em proibir os voos da companhia. Em nota, empresa disse que não há relação entre o acidente e a suspensão.

O que aconteceu

Mecânico da Voepass afirmou ao Fantástico, da TV Globo, que a queda do avião não foi uma surpresa. "Era o avião que dava mais problemas, era o avião que dava mais pane. A gente avisava que o avião estava ruim, a manutenção sabia que o avião estava ruim, a manutenção reportava, falava, avisava, e eles queriam obrigar a gente a botar o avião para voar."

Após a tragédia, manutenção das aeronaves piorou, segundo ele. "Aí se você me perguntar, poxa, mudou alguma coisa? Mudou em nada. Acho até que piorou."

Reportagem mostrou o que familiares das vítimas já sabiam, disse Fátima ao UOL. Segundo ela, já se tinha o conhecimento do reaproveitamento de peças há "muito tempo".

Eles brincaram com a vida humana e a Anac tem responsabilidade sobre isso. Ela poderia ter agido antes. Esses aviões já eram, há muito tempo, sucateados. Pilotos e mecânicos reportavam.
Fátima Albuquerque, mãe de Arianne Albuquerque Risso, morta no acidente

Não há relação entre acidente e suspensão, diz Voepass. "A companhia informa que está prestando todos os esclarecimentos para demonstrar sua capacidade operacional, garantindo os níveis de segurança exigidos pela agência reguladora com o objetivo de retomar suas atividades o mais breve possível", disse a empresa através de nota. Leia a íntegra do comunicado no final desta reportagem.

Anac suspendeu voos da Voepass por falta de segurança

Avião da Voepass no aeroporto de Cascavel
Avião da Voepass no aeroporto de Cascavel Imagem: Zanone Fraissat/Folhapress

A Anac suspendeu por falta de garantias de segurança todos os voos da Voepass. Isso significa que todos os voos da companhia aérea estão cancelados. A Anac concluiu que a companhia aérea demonstrou não atender "às condicionantes estabelecidas para a continuidade da operação dentro dos padrões de segurança exigidos".

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Quebra de confiança. "Ocorreu, assim, uma quebra de confiança em relação aos processos internos da empresa, devido a evidências de que os sistemas da Voepass perderam a capacidade de dar respostas à identificação e correção de riscos da operação aérea", conclui o órgão regulador.

A Voepass conta atualmente com seis aeronaves. A operação inclui 15 localidades com voos comerciais e duas com contratos de fretamento. São 22 destinos e 56 rotas com voo direto, como Belo Horizonte-Porto Seguro. Antes do acidente, a Voepass era constantemente alvo de críticas dos passageiros, mas seguia operando com aval do órgão regulador.

A Agência Nacional de Aviação Civil suspendeu, em caráter cautelar, a partir desta terça-feira, 11 de março, as operações aéreas da Voepass, formada pela Passaredo Transportes Aéreos e pela Map Linhas Aéreas. A suspensão vigorará até que se comprove a correção de não conformidades relacionadas aos sistemas de gestão da empresa previstos em regulamentos Comunicado da Anac

O ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou que a suspensão foi necessária. Segundo ele, a pasta vinha acompanhando de perto a situação.

Após ter sido notificada, a Voepass disse que sua frota é segura para voar. A companhia aérea declarou que colocará "todos seus esforços para retomar a operação o mais breve possível". "Essa decisão tem um impacto imensurável para milhares de brasileiros que utilizam a aviação regional todos os dias e contam com seu serviço, por isso, [a Voepass] colocará todos seus esforços para retomar a operação o mais breve possível".

Leia a íntegra da nota da Voepass

A VOEPASS Linhas Aéreas reforça que não há absolutamente nenhuma ligação entre o acidente ocorrido em agosto de 2024 e a medida cautelar da ANAC que suspendeu provisoriamente suas operações neste mês. A companhia informa que está prestando todos os esclarecimentos para demonstrar sua capacidade operacional, garantindo os níveis de segurança exigidos pela agência reguladora com o objetivo de retomar suas atividades o mais breve possível. Nos 30 anos de atuação da empresa, a segurança dos passageiros e da tripulação sempre foi, e continuará sendo, sua prioridade máxima.
A companhia reitera que sua frota em operação é aeronavegável e segue absolutamente todos os protocolos que atestam a conformidade de seus procedimentos e equipamentos. Em hipótese nenhuma os aviões da empresa decolam sem estar em estrita conformidade com o que estipulam o fabricante e os órgãos reguladores.
É importante ressaltar que o relatório preliminar do CENIPA referente ao acidente confirmou que a aeronave em questão estava com o Certificado de Verificação de Aeronavegabilidade válido e com todos os sistemas requeridos em funcionamento. Também cabe lembrar que a investigação de um acidente aéreo é um processo complexo, que envolve múltiplos fatores e requer tempo para ser conduzida de forma adequada. Somente o relatório final do CENIPA poderá apontar, de forma conclusiva, as causas do ocorrido.

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