Influenciadora é condenada por ligar enchentes no RS às crenças africanas
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A influenciadora digital Michele Dias Abreu foi condenada pela Justiça de São Paulo a pagar uma indenização por danos morais coletivos no valor de R$ 35 mil por associar as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul no ano passado às religiões de matriz africana.
O que aconteceu
O juiz Glauco Costa Leite ressaltou que a liberdade de expressão não é absoluta. "Eventual abuso poderá implicar na prática de crimes como calúnia, injúria e difamação, ameaça, apologia de crime ou criminoso e racismo", escreveu na decisão, publicada anteontem no Diário Oficial.
A determinação atende parcialmente a pedido feito pela Acoucai (Associação das Comunidades Tradicionais e de Cultura Popular Brasileira). O magistrado, porém, negou o pedido de indenização contra o Facebook e o Google, já que as plataformas excluíram publicações com o vídeo.
Durante o processo, Michele disse que é evangélica e a religião dela prega a existência de um único Deus. "Religiões que cultuam outras entidades não direcionam os seus fieis para o caminho correto e os colocariam a mercê da ira de Deus", justificou, segundo trecho da defesa reproduzido pelo magistrado.
A influenciadora afirmou que foi mal interpretada e gravou um novo vídeo se retratando. Ela defendeu que a declaração foi feita dentro dos limites da liberdade religiosa.
Cabe recurso da condenação. O UOL tenta contato com Michele Dias Abreu. O espaço está aberto para manifestação.
Entenda o caso
A declaração foi publicada nas redes sociais em 5 de maio de 2024. Ela possuía quase 32 mil seguidores na época do post, mas o vídeo foi compartilhado em diversos perfis e passou de 3 milhões de visualizações.
O estado do Rio Grande do Sul é um dos estados com maior número de terreiros de macumba. Alguns profetas já estavam anunciando sobre algo que ia acontecer no Rio Grande do Sul, devido à ira de Deus Influenciadora Michele Dias Abreu
Estudiosos ouvidos pelo UOL na época ressaltaram o racismo religioso em declarações como a da influenciadora. Naquele mês, um prefeito e um padre também associaram a tragédia no Rio Grande do Sul às religiões de matriz africana.