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Pedágio sem cancela e novas faixas: o que muda na Nova Raposo com concessão

Trecho da Nova Raposo, concedida em contrato pelo governo paulista à Ecovias por 30 anos - Divulgação / Governo de São Paulo Trecho da Nova Raposo, concedida em contrato pelo governo paulista à Ecovias por 30 anos - Divulgação / Governo de São Paulo
Trecho da Nova Raposo, concedida em contrato pelo governo paulista à Ecovias por 30 anos Imagem: Divulgação / Governo de São Paulo
Manuela Rached Pereira, Do UOL e em São Paulo*

19/03/2025 05h30

Com a concessão da Nova Raposo à Ecovias Raposo Castello pelo governo paulista, publicada ontem no Diário Oficial, motoristas e passageiros podem esperar mudanças no sistema rodoviário já nos próximos anos.

O que deve mudar na Nova Raposo

Concessionária prevê novos pedágios "free flow", sem cabines e cancelas. Em nota divulgada após vencer o leilão da concessão, em novembro, a EcoRodovias, grupo empresarial responsável pela concessionária, informou que, a partir do terceiro ano de contrato, a empresa "converterá as praças de pedágio existentes" na Nova Raposo em "pórticos de cobrança automática", além de iniciar a implantação da mesma tecnologia em novos pontos do sistema rodoviário. "Todo o pedagiamento do projeto prevê a cobrança exclusivamente neste modelo", divulgou.

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Pedágio Free Flow em rodovia em São Paulo - Divulgação
Pedágio Free Flow em rodovia em São Paulo Imagem: Divulgação

Modelo de cobrança automática já funciona em outras rodovias brasileiras desde 2023. Chamada "free flow", a tecnologia foi aprovada pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) e vem para substituir as tradicionais cancelas, sob a justificativa de dar maior agilidade ao trânsito. Diferente do pedágio convencional, onde o motorista precisa parar em um guichê ou reduzir a velocidade, no caso daqueles que usam tag, como o Sem Parar, no modelo de cobrança sem cancela é utilizado um pórtico com câmeras que identificam a placa e geram a cobrança a partir de tags ou da própria placa do veículo, enquanto segue o fluxo de transportes.

A inovação, já presente em algumas rodovias do país, torna as viagens mais fluidas e seguras, sem que haja a necessidade de paradas ou desacelerações para pagamento do pedágio. EcoRodovias, em nota

O recurso, porém, tem confundido motoristas desde a sua implementação no Sul e Sudeste do país. Muitos têm deixado de pagar a tarifa, seja por distração ou desconhecimento, e recebido multa por evasão de pedágio — infração de trânsito que rende multa de R$ 195,23 e cinco pontos no prontuário da CNH (Carteira Nacional de Habilitação), conforme mostrou apuração do UOL. A multa é gerada se o pedágio não for quitado no prazo de quinze dias.

Há ainda condutores que alegam terem sido multados mesmo após pagar a tarifa, devido a supostas falhas no sistema de cobrança. Esses problemas motivaram um protesto de motoristas em outubro passado, no km 416 da Rodovia Rio-Santos, a BR-101, na altura de Mangaratiba (RJ) - que é administrada pela concessionária CCR RioSP (leia mais sobre o novo pedágio aqui).

Projeto prevê instalação de 10 novos pontos de cobrança automática em cinco anos. No total, até o fim do contrato de 30 anos, estão previstos 13 novos pedágios do tipo ao longo da Nova Raposo, em trechos das rodovias Raposo Tavares, Castello Branco, na SP-029 e em um trecho que liga Cotia a Embu das Artes, segundo a Artesp (Agência de Transporte do Estado).

Valores das cobranças devem variar entre R$ 0,64 e R$ 4,84, de acordo com a Artesp. Os preços, porém, "podem sofrer alterações" até a implementação dos pórticos, segundo a agência estatal.

Novas faixas e obras

Concessionária prevê a construção de cerca de 78 quilômetros de faixas adicionais. Segundo divulgado pela empresa, entre o terceiro e oitavo ano da concessão, 34 quilômetros serão construídos na na SP-270 (Rod. Raposo Tavares) e 44 quilômetros na SP-280 (Rod. Castello Branco). Também estão previstos 22 quilômetros de duplicações, sendo 5 na SP-029 e 17 na ligação Cotia-Embu das Artes. Além disso, 43 quilômetros adicionais de marginais devem ser executados majoritariamente na Raposo.

Veja abaixo as principais obras previstas pela Ecovias:

  • Faixas adicionais na rodovia Castello Branco (SP-280), entre Barueri e Araçariguama;
  • Marginais e faixas adicionais na rodovia Raposo Tavares (SP-270), entre São Paulo e Cotia;
  • Duplicação de trecho da Rodovia Coronel PM Nelson Tranchesi (SP-029) na região de Cotia;
  • Nova ligação Cotia-Embu das Artes, incluindo a duplicação de todo o trecho.

Sobre a concessão

Concessão é válida por 30 anos para "ampliação, conservação e manutenção" do sistema rodoviário, segundo o governo paulista. O investimento estimado para as obras previstas no contrato, assinado entre a SPI (Secretaria de Parcerias em Investimentos) e a Artesp com a empresa no último dia 14, é de R$ 7,9 bilhões. Em novembro passado, o grupo EcoRodovias venceu o leilão da concessão com uma proposta de R$ 2,19 bilhões.

Parceria público privada inclui as rodovias SP-280, SP-270, SP-029 e envolve dez cidades paulistas. São elas: Araçariguama, Barueri, Cotia, Itapevi, Jandira, Osasco, Santana de Parnaíba, São Paulo, Itapecerica da Serra e Embu das Artes.

Lote Nova Raposo faz parte do PPI-SP (Programa de Parcerias de Investimentos de São Paulo). Segundo a SPI, o projeto prevê investimentos em duplicações, implantação de faixas adicionais, vias marginais, novos dispositivos, adequação de obras de artes especiais, novas passarelas e pontos de ônibus.

A reconfiguração da rodovia permitirá a segregação entre o tráfego local e o tráfego de longa distância, o que reduzirá pontos de conflito na rodovia devido à grande quantidade de entradas e saídas de veículos pelos acessos, que serão interconectados nas vias existentes. Secretaria de Parcerias em Investimentos, em nota

Concessão alvo de protestos

Após o leilão, um grupo de manifestantes se reuniu próximo ao prédio da B3 contra a concessão. Integrantes do movimento 'Nova Raposo, Não!', formado por representantes de associações de moradores da região do Butantã, Granja Viana e da cidade de Cotia, protestaram contra a falta de maior discussão do projeto que, segundo eles, tem potencial para causar degradação ambiental.

Houve protestos também contra os pedágios no trecho urbano da Raposo. Ainda no pós-leilão, os manifestantes carregavam faixas com a frase: "Não aos 12 pedágios. Solução: transporte público de massa com qualidade".

Governo paulista afirma que foram realizadas audiências públicas e consulta popular para a formatação do projeto. Leia mais aqui.

*Com Estadão


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