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Advogado de pai que jogou filho de ponte no RS diz que prisão é irregular

Colaboração para o UOL, em Campinas

27/03/2025 18h09

A defesa de Tiago Ricardo Felber, que confessou ter jogado o próprio filho de 5 anos em um rio em São Gabriel (RS), questiona a legalidade da prisão do homem.

O advogado Roberto Leite diz que Felber sofreu agressões de policiais, e prestou depoimento sem a presença de um defensor. A defesa pede a anulação da prisão, e aguarda a transferência do acusado para outra unidade prisional.

O que aconteceu?

Segundo o advogado, Felber disse durante a audiência de custódia, realizada ontem, que foi agredido por policiais penais e militares após ser preso. Além disso, ele afirmou que foi ouvido na delegacia sem a presença de um advogado, o que, segundo a defesa, invalidaria as declarações prestadas, inclusive a confissão de Felber de que matou o próprio filho. Na audiência de custódia foi decretada a prisão temporária de Felber.

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É direito constitucional de todo o interrogado ter consigo um advogado. Dessa forma, é inválida qualquer declaração que tenha sido prestada na delegacia. Roberto Leite, advogado de Tiago Felber

Com base nessas alegações, a defesa informou que irá ingressar com um pedido de relaxamento (anulação) da prisão de Felber. O argumento principal é que a detenção não teria cumprido os procedimentos legais, uma vez que não houve a presença da defesa no momento em que Felber foi ouvido pela Polícia Civil.

O delegado Daniel Severo rebateu o argumento da defesa. Segundo ele, Felber soube de seus direitos antes do depoimento, como poder permanecer calado, e também nomear um defensor. Porém, Felber declinou, e confessou o crime durante o depoimento, segundo Severo.

"Com relação à presença do advogado, é um direito de quem está sendo ouvindo, e não uma obrigação", disse o delegado ao UOL. Ele disse ainda não ter conhecimento sobre supostas agressões sofridas por Felber, e disse que nada foi relatado ou registrado na Polícia Civil quanto a isso

Mudança de presídio

A defesa também manifestou preocupação com a segurança de Felber no Presídio Estadual de São Gabriel, onde ele está preso. Ele estaria sendo ameaçado por outros detentos, segundo o advogado, que afirma ainda que o presídio não possui condições para garantir a segurança de seu cliente. O advogado afirma que já formalizou o pedido de transferência, e acredita que Felber possa ser transferido para outro presídio no estado, como o de Santa Maria ou de Charqueadas.

Questionada pelo UOL sobre as denúncias, a Secretaria de Sistemas Penal e Socioeducativo do Rio Grande do Sul não confirmou o recebimento das denúncias de ameaças. "Toda denúncia recebida é averiguada pela Corregedoria-Geral do Sistema Penitenciário", informou a pasta.

O crime

Théo Ricardo Ferreira Felber, de 5 anos, morreu após ser arremessado de uma ponte pelo próprio pai em São Gabriel. Tiago Ricardo Felber se entregou e confessou ter matado o filho. O crime aconteceu anteontem e comoveu a cidade, que tem pouco mais de 60 mil habitantes.

Ele teria matado a criança para se vingar da ex-mulher, mãe do menino, segundo a investigação da Polícia Civil. Eles estavam separados desde novembro do ano passado. A mãe da criança o descreveu em depoimento como "possessivo".

Théo foi sepultado na manhã de hoje no Cemitério Municipal de Nova Hartz, cidade na Região Metropolitana de Porto Alegre, onde ele vivia com a mãe.


Cotidiano