Expulso da PM e influencer: quem é o advogado preso por agressão a mulher

O advogado João Neto, de 47 anos, teve a prisão em flagrante convertida para preventiva na manhã de ontem. Suspeito de agredir a companheira, o homem possui 2 milhões de seguidores no Instagram e foi expulso da PM da Bahia.

Quem é o suspeito

João Neto ficou conhecido nas redes sociais por responder perguntas de internautas. Ele se identifica como advogado criminalista, ex-militar da PM-BA, pós-graduado e mestre em ciências criminais.

Antes de ser advogado, João Neto foi policial militar na Bahia. Em um podcast, ele relatou que foi expulso da corporação por uma discussão e assédio a uma mulher que seria esposa de um coronel. "Fui expulso porque eu discuti com a mulher no trânsito e chamei ela de gostosa. Era mulher do coronel. Eu discuti com ela no trânsito, parei para abastecer, e ela me seguiu. E eu falei que prenderia ela", disse, em entrevista ao PodZé, da BNewsTV, em maio de 2024.

Na mesma entrevista, ele admite que já assassinou pessoas. "Matei mais dois que tocaram fogo em meu estabelecimento. (...) Matei um garotão de 16 anos, matei na frente de todo mundo, dei cinco tiros nele. Atirou na cabeça do meu funcionário, por azar dele estava no caixa e fui mais rápido".

Nas eleições de 2024, João Neto trabalhou com o então candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB). O advogado foi contratado para ajudar o ex-coach no momento em que teve as redes sociais tiradas do ar.

Em setembro de 2024, João Neto agrediu um advogado durante uma audiência de conciliação em Maceió. A OAB soltou nota à época e disse que enviou ofícios à Polícia Federal e ao Conselho de Segurança do Estado "em virtude das ameaças feitas por João Francisco de Assis Neto, além de seu porte de arma". Após a repercussão, ele afirmou que apenas revidou uma suposta agressão.

João também afirmou em uma entrevista que existe motivo para um homem bater em uma mulher. "Se ela deu um tapa na sua cara, ela está querendo tomar outra. E você é Jesus Cristo pra tomar uma tapa na cara e dá o outro lado? Eu não, irmão! Eu não tenho essa capacidade ainda de perdoar. Se der na minha cara, vai te tomar um bocado também", disse no podcast Redcast.

Relembre o caso

João Neto foi preso em flagrante na noite de anteontem, suspeito de agredir sua companheira. Imagens da câmera de segurança do prédio flagraram a mulher, de 25 anos, saindo ensanguentada de seu apartamento. Ele aparece na sequência, oferecendo um pedaço de pano para ela enxugar o sangue, mas ela nega.

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Depois, o advogado é flagrado empurrando o pano à força no queixo da mulher. Um rastro de sangue fica no chão do andar. Outra pessoa aparece na gravação, mas não há detalhes de quem seria.

Segundo a polícia, João foi detido próximo ao hospital em que a vítima estava recebendo atendimento médico. Ele foi conduzido para Central Flagrantes, e autuado pelo crime de lesão corporal nos termos da Lei Maria da Penha.

À polícia, vítima alegou que o homem já havia a agredido anteriormente. Ela já teria sofrido enforcamentos, chutes, empurrões e outros tipos de violência, mas nunca havia denunciado o companheiro. A mulher também relatou que ele já a ameaçou com uma arma de fogo.

Vítima e suspeito mantêm uma união estável há dois anos. João foi autuado pelo crime de lesão corporal nos termos da Lei Maria da Penha.

Em nota no Instagram, a defesa afirmou que João Neto tentava retirar sua ex-companheira do seu apartamento. "O sangramento se deu em virtude de uma queda, momento em que o Dr. João Neto tentava retirar sua ex do apartamento após insistir por bastante tempo que a mesma saísse", diz o comunicado. A defesa nega que houve tentativa de feminicídio. Na postagem, eles também divulgaram um novo vídeo mostrando a agressão de um outro ângulo, veja:

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A OAB/AL (Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas) informou que adotou todas as medidas necessárias no Tribunal de Ética da OAB/AL. O comunicado também afirmou que a OAB/BA foi oficiada para tomar as providências cautelares necessárias, pelo acusado ser originário da seccional baiana. "Ressalta-se que qualquer conduta que possa configurar inidoneidade moral ou crime infamante será devidamente apurada, com observância estrita do devido processo legal, da ampla defesa e do contraditório, consagrados na Constituição da República e no Estatuto da Advocacia."

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

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