PMs são indiciados por estupro de jovem após oferecerem carona no carnaval

Dois policiais militares foram indiciados por estupro de uma jovem de 20 anos dentro de viatura no carnaval, em Diadema, no ABC Paulista.

O que aconteceu

Inquérito foi finalizado ontem, pouco mais de um mês após o crime. A vítima buscou a delegacia no dia 4 de março, horas após sofrer a violência.

Caso foi classificado como estupro de vulnerável. A Polícia Civil entendeu que mulher não tinha condições de responder pelos próprios atos, já que tinha alto nível de álcool no sangue.

Policiais estão no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte de São Paulo. Eles foram detidos por abandonar o posto de serviço e seguirão no presídio, segundo a SSP.

Imagens das câmeras corporais dos militares também foram usadas como prova no indiciamento. Gravações mostraram que os PMs passaram ao menos duas horas com a mulher. Eles esconderam os equipamentos por pelo menos 20 minutos, momento em que não é possível saber o que foi feito com a vítima.

Os registros também revelaram que a mulher estava embriagada quando foi convidada pelos policiais para pegar uma carona. Antes de entrar no carro, ela explicou que queria carregar o celular para pedir um carro por aplicativo e ir para casa.

Crime é investigado pelo 26º DP do Sacomã e pela Polícia Militar. "A instituição reitera seu compromisso com a legalidade e a transparência, assegurando que qualquer desvio de conduta será apurado e punido com o devido rigor", diz a corporação em nota.

Relembre o caso

Siga UOL Notícias no
Continua após a publicidade

Mulher contou à polícia que estava em um terminal de ônibus quando pediu para carregar o celular na viatura e recebeu uma oferta de carona por parte dos policiais. Eles teriam dado bebida alcoólica para ela e parado em uma rua escura, cometendo o estupro em seguida.

Vítima fez vídeo dentro da viatura após agressões, quando policiais afirmaram que estavam perdidos e não conseguiam deixá-la em casa. Nas imagens, ela chama os PMs de mentirosos. Um dos policiais rebate, afirmando que não sabia onde ela morava. A voz foi alterada pela reportagem para proteger a vítima.

Ela foi expulsa do carro perto de casa e pediu uma carona para um conhecido até a Delegacia do Sacomã. Do local, ela foi enviada para uma unidade de saúde.

Jovem foi submetida a exames de corpo de delito, que constataram ferimentos compatíveis com relatos de violência. Os dois PMs passaram pelo mesmo exame.

Os PMs negam as acusações e alegam que a jovem "se exaltou" após pedir carona para o Terminal Piraporinha. Segundo eles, ela se recusou a descer da viatura e ameaçou denunciá-los por estupro. Eles afirmam que a deixaram em um ponto de ônibus na avenida do Estado.

Como denunciar violência sexual

Vítimas de violência sexual não precisam registrar boletim de ocorrência para receber atendimento médico e psicológico no sistema público de saúde, mas o exame de corpo de delito só pode ser realizado com o boletim de ocorrência em mãos. O exame pode apontar provas que auxiliem na acusação durante um processo judicial, e podem ser feitos a qualquer tempo depois do crime. Mas por se tratar de provas que podem desaparecer, caso seja feito, recomenda-se que seja o mais próximo possível da data do crime.

Continua após a publicidade

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, é o melhor número para ligar e denunciar a agressão. Policiais militares em patrulhamento também podem ser acionados. O Ligue 180 também recebe denúncias, mas não casos em flagrante, de violência doméstica, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. O serviço também pode ser acionado pelo WhatsApp (61) 99656-5008.

Legalmente, vítimas de estupro podem buscar qualquer hospital com atendimento de ginecologia e obstetrícia para tomar medicação de prevenção de infecção sexualmente transmissível, ter atendimento psicológico e fazer interrupção da gestação legalmente. Na prática, nem todos os hospitais fazem o atendimento. Para aborto, confira neste site as unidades que realmente auxiliam as vítimas de estupro.

Deixe seu comentário

O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.