Advogado que agrediu mulher mentia sobre ser policial, diz PM da Bahia

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A PM-BA (Polícia Militar da Bahia) desmentiu o advogado João Neto, preso por agressão contra mulher que se dizia ex-policial. Segundo a instituição ele nem mesmo concluiu a formação necessária para atuar como soldado.
O que aconteceu
João Neto dizia nas redes que até forjava flagrantes enquanto PM. Na verdade, segundo a PM da Bahia ele nunca conseguiu concluir qualquer formação para atuar como oficial e "em nenhum momento trabalhou na rua como policial militar formado", afirmou o órgão, em nota.
Nas redes ele afirma que antes de ser advogado foi policial militar na Bahia. Em seus relatos, João diz que foi expulso da corporação por uma discussão e assédio a uma mulher que seria esposa de um coronel. "Fui expulso porque eu discuti com a mulher no trânsito e chamei ela de gostosa. Era mulher do coronel. Eu discuti com ela no trânsito, parei para abastecer, e ela me seguiu. E eu falei que prenderia ela", disse, em entrevista ao PodZé, da BNewsTV, em maio de 2024.
Advogado conta histórias sobre como assassinava pessoas enquanto atuava como policial. "Matei mais dois que tocaram fogo em meu estabelecimento. (...) Matei um garotão de 16 anos, matei na frente de todo mundo, dei cinco tiros nele. Atirou na cabeça do meu funcionário, por azar dele estava no caixa e fui mais rápido".
Ele dizia que andava com "kit flagrante" composto por droga, balança de precisão e dinheiro. Em entrevista a um podcast o advogado afirmou que plantava os objetos nos pertences de quem gostaria de prender. "Na minha época mesmo [de policial], eu andava com kit flagrante. Eu tinha kit flagrante: droga, balança e dinheiro miúdo. Já era. Agora, claro, botava em homem de bem, não. Era aquele bandido que a gente queria pegar", revelou, antes de ser desmentido pela PM da Bahia.
O referido advogado foi desligado há 15 anos, enquanto realizava o curso de formação de soldados. Como foi excluído antes da conclusão do curso, ele em nenhum momento trabalhou na rua como policial militar formado.
Policia Militar da Bahia
Quantos e quantos policiais invadem sua casa e plantam drogas? Gente, não vamos ser falsos moralistas, nem demagogos, nem hipócritas. A realidade existe.
Advogado João Neto, em podcast
Advogado foi preso por violência doméstica
João foi preso após companheira denunciar agressão, vídeos mostram o momento. Um vídeo de câmeras de monitoramento mostra o advogado no interior de um apartamento segurando a companheira à força em um corredor e indo ao chão com ela próximo de uma porta. Pelas imagens, é possível ver a mulher, antes da queda, se segurando nas paredes e em um batente para resistir à abordagem do advogado. E, hora da queda, ela bate o corpo e cabeça contra a porta.
O advogado negou as agressões. Em depoimento, João afirmou ter dito à mulher que "não teria condições de continuar com a relação" e pediu que ela saísse do apartamento. Ele cita ainda que, mesmo após mandar ela sair, percebeu que ela "ainda se encontrava no quarto, deitada na cama com ar condicionado ligado", e afirma que pegou a vítima "pela barriga para levá-la para fora".
Corte no rosto. A queda provocou um corte profundo no queixo da mulher, que precisou ser levada a um hospital de Maceió, onde levou três pontos. Imagens da vítima saindo ensanguentada do apartamento foram flagradas por uma câmera de segurança do prédio. João aparece usando um pano para estancar o sangue. Segundo a delegada Ana Luiza Nogueira, coordenadora das Delegacias Especializadas de Atendimento às Mulheres, os vídeos deixam claro que houve agressão. "Com certeza a violência doméstica está caracterizada. Todas as imagens corroboram o depoimento prestado pela vítima", disse ao UOL.
João Neto passou mal ao ser transferido para presídio em Maceió ontem (17). O advogado, famoso por dar conselhos amorosos para homens nas redes sociais, foi levado a uma unidade de saúde após apresentar problemas cardíacos enquanto era transferido para a Penitenciária Masculina Baldomero Cavalcante de Oliveira.
Flagrante da agressão e reincidência contam contra o advogado. O desembargador Carlos Cavalcanti de Albuquerque Filho negou um pedido de habeas corpus da defesa de João Neto. Ele destacou que a conversão para prisão preventiva precisava ser mantida " a fim de resguardar integridade física e psicológica da vítima, bem como para a garantia da ordem pública", já que João Neto possui antecedentes criminais.
A vítima relatou episódios anteriores de agressões, além de ter sido ameaçada com o uso de arma de fogo. Tal circunstância, inclusive, embasou a decisão que determinou a suspensão da posse e/ou restrição do porte de armas do autuado.
Carlos Cavalcanti de Albuquerque Filho, desembargador do TJ-AL que manteve prisão de João Neto
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