Suspeita de envenenar ovo de Páscoa viajou 380 km e deu nome falso em hotel

Jordelia Pereira Barbosa, mulher presa por suspeita de dar um ovo de Páscoa envenenado à atual namorada do ex-marido, forjou sua identidade para se hospedar em um hotel de Imperatriz (MA) antes de cometer o crime.

O que aconteceu

Mulher fez viagem de quase 400 km e estava voltando para casa quando foi presa. Segundo a Polícia Civil, a suspeita é natural de Santa Inês e viajou até Imperatriz "exclusivamente para executar o plano". Entre o material apreendido com ela no ônibus em que foi presa estavam perucas, chocolates e uma substância que parece com veneno e vai passar por perícia.

Para justificar a falta de documentos oficiais no momento da hospedagem, Jordelia disse que era uma mulher trans. Ela deu o nome de Gabrielle Barcelli, explicando que aquele seria o nome social dela e que ela estava em um processo de regularização de documentação. Imagens da troca de mensagens foram divulgadas pela TV Mirante.

A mulher também apresentou o crachá falso de uma empresa. No crachá, ela aparece com a função de "gastronômia" e com uma peruca preta, semelhante à usada para comprar chocolates em uma loja da cidade.

Eu sou trans e a minha documentação está em processo, mas estarei com o crachá da empresa.
Trecho de mensagem enviada por Jordelia a hotel

Prisão da mulher foi convertida em preventiva. Jordelia passou por audiência de custódia ontem e a expectativa é de que ela seja transferida para São Luís.

Defesa. O UOL não conseguiu contato da defesa de Jordelia até o momento, mas o espaço segue aberto para manifestação. Não havia registro público do processo dela no TJMA até a manhã de hoje e o telefone profissional dela, disponível nas redes sociais, não recebia ligações nem respondia mensagens.

Relembre o caso

Menino de sete anos morreu após comer ovo de páscoa. O chocolate foi entregue na quarta-feira por um motoboy à mãe do garoto e a suspeita da polícia é de que o alimento estivesse envenenado.

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Mãe e irmã do garoto que morreu também passaram mal e estão internadas. O boletim médico mais recente, divulgado pelo Hospital Municipal de Imperatriz na tarde de ontem, detalhou que o estado de saúde delas era grave.

A suspeita do crime é ex-namorada do atual companheiro da mãe das crianças e foi presa na quinta-feira. Jordelia Pereira Barbosa, 36, estava em um ônibus que saiu de Imperatriz para a cidade de Santa Inês, onde mora. A cidade fica a cerca de 400 quilômetros de onde o crime aconteceu.

Câmera gravou momento em que mulher comprou chocolate. As imagens, da tarde da quarta-feira, mostraram que ela chegou ao local com uma peruca preta e óculos escuros por volta das 16h. Ela saiu da loja levando os ovos que foram consumidos pela família na noite da quarta.

Mulher assumiu que comprou o ovo, mas negou que tivesse envenenado a comida. O delegado-geral da Polícia Civil do Maranhão, Manoel Almeida, explicou à TV Bandeirantes que mesmo que ela não tenha confessado o crime, "elementos fortes" sinalizam a participação no caso.

Suspeita da polícia é de que a mulher tenha cometido crime por ciúmes. O ovo comprado por Jordelia foi entregue à atual namorada do ex-companheiro dela. A mulher está internada em estado grave, assim como a filha mais velha dela. O filho mais novo da vítima morreu ainda na madrugada de ontem.

O corpo do menino foi enterrado ontem. Antes disso, a criança passou por exame de necropsia no Instituto Médico Legal de Imperatriz. A Polícia Civil informou que aguarda o laudo pericial para confirmar a causa da morte. As autoridades também requisitaram ao IC (Instituto de Criminalística) de Imperatriz a coleta de material para análise laboratorial das vítimas que permanecem hospitalizadas.

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Amostras do alimento foram enviadas para análise no Instituto de Criminalística. Mais detalhes do caso não serão divulgados para não atrapalhar as investigações, segundo a polícia.

Família não sabia quem tinha enviado o chocolate. O alimento foi entregue com um bilhete que dizia: "Com amor. Feliz Páscoa". "Logo quando ela recebeu [o chocolate], alguém ligou para ela e perguntou se ela tinha recebido. Aí ela disse que sim e perguntou quem era. A pessoa que estava na linha disse 'você vai saber quem é'", disse o irmão da vítima à imprensa local.

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