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Como é tribunal do PCC, acusado de matar suposto assassino de aluna da USP

Do UOL, em São Paulo

24/04/2025 13h04

O chamado "tribunal do crime" do PCC, que pode ter ordenado o assassinato do suspeito de matar uma aluna da USP, promove sessões de tortura em pessoas amarradas e amordaçadas em cativeiros.

Como age o 'tribunal do crime'

Vítimas do "tribunal do PCC" são submetidas a um "veredito" por integrantes da facção criminosa. Eles atuam como "jurados", decidindo se a vítima será ou não assassinada por ter cometido crimes vistos como "inaceitáveis" pela facção.

Ameaçada por pessoas armadas, a vítima na mira do PCC é levada em um carro da facção para um cativeiro. No local, é amordaçada e tem os pés e mãos amarrados.

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Os "tribunais do crime" costumam ocorrer com a participação de integrantes da cúpula do PCC presos por ligações ou videochamadas. Os assassinatos só ocorrem se houver autorização dos líderes da facção criminosa, indicam investigações da Polícia Civil.

O PCC tem uma espécie de estatuto, chamado de "cartilha de condução". Segundo investigações, existe pena de "suspensão até exclusão". A mais grave é o assassinato.

Homem é suspeito de assassinar aluna da USP

Suspeito de matar aluna da USP foi encontrado morto com sinais de tortura. O corpo de Esteliano José Madureira, 43, foi achado ontem à noite na zona sul de São Paulo envolto em uma lona com as pernas amarradas e mais de dez perfurações espalhadas pelo corpo.

"A gente acredita que ele tenha sido vítima desse tribunal do crime, pela forma que o corpo foi encontrado", disse o delegado Rogério Thomaz, em coletiva à imprensa. O homem morava em uma comunidade a 300 metros de onde o corpo da jovem foi achado. Segundo a polícia, ele era usuário de drogas e foi identificado nas imagens de câmeras de segurança por outros moradores da região.

Pessoas são submetidas ao "tribunal do crime" do PCC Imagem: Reprodução/Arte UOL

Relembre o caso


Bruna desapareceu no dia 13 abril. Ela saiu da casa do namorado no bairro do Butantã, na zona oeste da capital, e estava indo para casa, em Itaquera, na zona leste da cidade. Com a bateria do celular acabando, parou em uma banca de jornal para recarregar o aparelho e enviou uma mensagem a familiares pedindo dinheiro para pegar um carro por aplicativo, segundo o boletim de ocorrência. Ela deixou de responder mensagens minutos depois, por volta das 22h30.

Vídeo mostra a estudante saindo do terminal de ônibus do metrô Itaquera. Ela caminha em direção à rua e atravessa a faixa de pedestres correndo. Pelo horário registrado no arquivo, Bruna deixou o local e desapareceu minutos depois.

Em outro vídeo, a estudante aparece sendo seguida e atacada. Um homem persegue a estudante a poucos metros dela na calçada e em seguida a agarra. Ela tenta resistir. Por alguns segundos, os dois somem do campo de visão da câmera e, depois, aparecem novamente por pouco tempo. A polícia suspeita de que ele a levou para o local onde a mulher foi morta.


"Morreu do que mais temia", disse a mãe de Bruna. Após reconhecer o corpo da filha, Simone da Silva disse a jornalistas, do lado de fora do Instituto Médico Legal, que a estudante lutava pelo fim da violência contra a mulher. "Morreu como ela mais temia, como eu mais temia. Que peguem essa pessoa, porque essa pessoa está solta e vai matar mais", afirmou.

Quem era Bruna?

Bruna desapareceu enquanto voltava para casa Imagem: Reprodução de redes sociais

Era formada em turismo pela USP e fazia mestrado. Bruna completou a graduação em 2018 pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo, na USP Leste. Ela tinha ingressado havia poucos meses no mestrado em Mudança Social e Participação Política, também na Universidade de São Paulo. O objetivo era seguir com a pesquisa realizada em seu trabalho de conclusão de curso sobre um time de várzea sediado debaixo do Viaduto Alcântara Machado e formado por pessoas em situação de rua.

Bruna tinha um filho de 7 anos. O último ano da jovem na graduação coincidiu com a gravidez, aos 21. Ela pensou em pausar os estudos, mas a insistência da mãe a fez persistir. O filho, Iuri, era recém-nascido quando ela se formou.

Era filha mais velha e tinha dois irmãos: um de 25 anos e outro de 12, este último do segundo casamento de sua mãe.

Amiga falou de envolvimento de Bruna com causas sociais. "Ela se revoltava muito, se sensibilizava com casos de violência contra as mulheres. É triste ter se tornado mais uma vítima. Cabe a nós continuarmos o legado dela, não deixando casos assim continuarem impunes", disse Karina Ribeiro Amorim.

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