O que vai acontecer com a onça que atacou caseiro no Pantanal?
Colaboração para o UOL, de Lisboa
25/04/2025 05h30Atualizada em 25/04/2025 09h47
A onça-pintada que teria matado o caseiro Jorge Ávalos, em Mato Grosso do Sul, chegou hoje ao Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), na capital Campo Grande, onde passará por exames médicos. Depois, o felino será encaminhado ao ICMBio, que decidirá se ele será reintroduzido à natureza, ou levado a um cativeiro.
O que aconteceu
O animal foi capturado pela Polícia Militar Ambiental no Pantanal sul-mato-grossense na madrugada de hoje. Na sequência, foi levado para o Cras, onde passará por exames e acompanhamento veterinário, explicou a Semadesc (Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), em nota emitida pela Agência de Notícias do MS.
"Estamos tratando de um incidente que teve uma vítima, então nesse momento todo o nosso respeito à família do Jorge. Numa atuação conjunta, o animal está sendo recepcionado no Cras, onde ele deve ficar durante os exames que serão realizados, a estabilização e a recuperação."
Secretário-executivo da Semadesc, Artur Falcette
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O Cras vai se encarregar do check-up de saúde do animal, que está abaixo do peso. Serão realizadas coletas de materiais para análise e exames de imagens.
Depois, o felino será encaminhado ao ICMBio, que decidirá seu futuro. O animal poderá ser reintroduzido na natureza ou encaminhado para um cativeiro.
Como é um caso muito atípico, a partir da avaliação clínica e de sanidade, vamos ver qual doença que ele tem, porque não é normal o animal desse porte estar tão magro, e assim podemos tentar relacionar ao caso.
Gediendson Ribeiro de Araújo, pesquisador da Universidade Federal do MS e especialista em manejo de onças-pintadas
Caso de polícia
Além do check-up de saúde, será realizada uma investigação policial. A Polícia Civil suspeita de caça predatória de onça-pintada na região.
Tem alguns relatos chegando para nós, de grupos que eventualmente estariam se organizando no entorno da predação da onça-pintada. Nós temos um histórico, especialmente no Pantanal, muito positivo da interação dos produtores com a fauna. A gente tem que evitar que oportunistas, caçadores, gente que quer se aproveitar desse fato para atuar na caça.
Artur Falcette
A caça de animais silvestres é considerada "um crime ambiental gravíssimo", ressaltou Falcette. "A gente vai tratar com o rigor da lei qualquer coisa nesse sentido, porque a gente tem absoluta convicção que não são produtores rurais, não são cidadãos de bem que estão se organizando no entorno dessas ações."
Entenda o caso
Restos mortais de Jorge, 60, foram encontrados no último dia 22 próximos a uma propriedade rural de Aquidauana. Conforme divulgado por associações locais de pescadores, além dos policiais ambientais, familiares e guias da região encontraram partes do corpo de Jorge próximos de uma toca onde a onça repousava.
O homem foi atacado perto de um pesqueiro dentro do local onde trabalhava como caseiro. Vídeos que circulam nas redes sociais mostram marcas de sangue vistas por moradores no sítio, conhecido como pesqueiro Touro Morto, no Pantanal, às margens do Rio Miranda.
Após a confirmação da morte de Jorge, órgãos estaduais iniciaram buscas pela onça. Uma equipe da Polícia Militar Ambiental foi designada para os trabalhos.
O animal, um macho de 94 kg, estava rondando a mata quando foi achado. A equipe conseguiu fazer a captura com o uso de armadilhas, apenas três dias após o ataque, e levar o animal em segurança para Campo Grande.