Policiais civis são presos em SP por cobrarem propina de funkeiros

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A Polícia Federal prendeu na manhã de hoje quatro policiais civis de São Paulo suspeitos de extorquir influenciadores funkeiros que divulgavam rifas ilegais nas redes sociais. A ação contou com apoio do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), ligado ao Ministério Público, e Corregedoria da Polícia Civil.
O que aconteceu
Policiais cobravam propina para ignorarem e atrapalharem investigações contra influenciadores e funkeiros. Segundo a investigação da PF, os agentes instauravam procedimentos para apurar a prática de rifas ilegais nas redes sociais, mas "o verdadeiro objetivo era a solicitação de vantagem econômica indevida aos investigados e seus respectivos advogados".
MCs Brisola, GH do 7 e Paiva já pagaram propina para policiais. As cifras variam entre R$ 20 mil e R$ 100 mil, segundo a PF. Os policiais também enviavam relatórios de investigação confidenciais para proteger os criminosos, a fim de os pressionar para obter dinheiro.
Quatro policiais lotados no 6º DP de Santo André foram presos hoje. Eles podem responder por crimes de corrupção ativa e passiva e participação em organização criminosa. A PF também cumpre cinco mandados de busca e apreensão em Santo André, Mauá e São Paulo.
Justiça decretou a quebra de sigilo bancário dos investigados. A operação de hoje é a terceira fase da operação Latus Actio, que investigou uma organização criminosa para arrecadar propina dentro de repartições policiais.
Em dezembro, um investigador apontado como "peça central" do esquema foi preso. A PF diz que o investigador Rodrigo Barros de Camargo, conhecido como Rato, recebeu propina para "evitar ou interromper investigações relacionadas às rifas ilegais promovidas por artistas da Love Funk".
PF diz que rede criminosa de policiais era organizada e tinha divisão de tarefas. "[Policiais] usavam de empresas para movimentação de recursos e articulação entre empresários, artistas e agentes públicos, evidenciando a prática de corrupção ativa, corrupção passiva, lavagem de dinheiro e exploração de jogos de azar".
PF descobriu troca de mensagens suspeita entre policiais, empresários e funkeiros
Agentes encontraram registros de pagamentos de propina para policiais. Em uma ocasião, o empresário Vitor Hugo dos Santos escreveu: "Eles queriam R$ 1,5 milhão, já baixamos para R$ 800 mil, depois foi para R$ 500 mil e agora eu falei para eles que vão mandar um café lá para eles R$ 50 mil". Em outra, um MC indicou qual o porcentual das rifas que seria encaminhado aos investigadores sob suspeita. "Polícia eu pago 7%, porém eu fechei R$ 150 mil".
Outro diálogo mostra possível envolvimento do delegado Gilmar Camargo Bessa, titular do 6º DP de Santo André. Na conversa, MC Brisola manda para o empresário uma foto do relatório policial, feito por policiais civis de Santo André, que mostra a rifa de uma Fiat Toro Branca que ele promoveu no Instagram. O empresário então questionou "o que queriam" os policiais. O MC responde: "R$ 200 mil". Ele emendou que não pagou o valor total. "Vou pagar 10%." O diálogo ocorreu em novembro de 2023.
MCs também são investigados
MC Brisola é investigado por direcionar parte dos recursos do jogo de azar para "finalidades ilícitas". Entre elas, o pagamento de propinas a policiais para garantir a "continuidade de suas atividades criminosas", diz uma manifestação do Ministério Público.
GH do 7 seria uma "das figuras centrais nas práticas ilegais relacionadas ao esquema" de rifas ilegais. Segundo o Ministério Público, seu advogado passou a negociar com o investigador Rato com vistas a barrar as investigações sobre as rifas ilegais.
Já MC Paiva teria sido beneficiado por "negociações ilícitas nas quais propinas foram pagas a policiais civis para evitar ou interromper as investigações em curso".
*Com informações de Estadão Conteúdo
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