O que indica que suspeito de matar estudante passou por tribunal do crime?

O suspeito de matar a estudante Bruna Oliveira da Silva, 28, foi encontrado morto na noite de quarta-feira na avenida Morumbi, zona oeste da cidade de São Paulo. A Polícia Civil investiga se ele teria sido vítima do "tribunal do crime" do PCC (Primeiro Comando da Capital), em que criminosos fazem um julgamento. A forma como o corpo do homem estava levantou essa hipótese.

Quais são os sinais?

Esteliano José Madureira, 43, foi encontrado com sinais de tortura. O corpo dele tinha mais de dez perfurações no tórax, cintura, costas, nuca e região anal, provavelmente provocadas por faca. Ele também estava com as pernas amarradas por um pano.

Mordaça, pés e mãos amarrados são características do "tribunal". Levada para um cativeiro, as vítimas são submetidas a um veredito por integrantes da facção criminosa, que atuam como jurados e decidem se a pessoa será ou não assassinada por ter cometido crimes vistos como inaceitáveis pela facção. No local, o grupo promove sessões de tortura com amarras e mordaças.

Nenhuma hipótese está descartada, mas essa é a principal linha de investigação.

A gente acredita que ele tenha sido vítima desse "tribunal" do crime, principalmente pela forma como corpo foi encontrado e desovado naquele local.
delegado Rogério Thomaz, do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa)

Como age o 'tribunal do crime'

Ameaça e condução. Pessoas armadas intimam a vítima, que é levada em carro da facção para um cativeiro. No local, é amordaçada e tem os pés e mãos amarrados.

Tribunais costumam ocorrer com participação de integrantes da cúpula do PCC. Presos, eles integram a reunião por ligações ou videochamadas. Os assassinatos só ocorrem se houver autorização dos líderes da facção criminosa, segundo investigações da Polícia Civil.

O PCC tem uma espécie de estatuto, chamado de "cartilha de condução". Conforme apurações, existe pena de "suspensão até exclusão". A mais grave é o assassinato.

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Facção segue regras próprias. Segundo policiais civis, magistrados e promotores especializados em investigações do PCC, crimes envolvendo assédio e abuso sexual são proibidos pela organização criminosa.

Motivos para o "tribunal" do crime variam. Delação de ações de criminosos, citação do nome da facção em conversas com terceiros e até infrações "mais leves", como urinar na rua, podem justificar dentro da facção um julgamento.

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