Pai que jogou filho de ponte no RS vira réu por três crimes

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O homem que confessou ter matado o próprio filho após arremessá-lo de uma ponte, em São Gabriel (RS), virou réu por tentativa de homicídio, homicídio qualificado e ameaça.
O que aconteceu
Tiago Ricardo Felber, que está preso desde março, passa a responder pelos três crimes. A denúncia do Ministério Público contra ele foi aceita ontem pela juíza Liz Gratchen, da Vara Criminal de São Gabriel. Agora, ele tem o prazo de 10 dias para apresentar resposta por escrito à acusação.
Tentativa de homicídio, com cinco qualificadoras, foi imputada porque Tiago havia esganado a criança um dia antes de sua morte. Segundo a decisão, a motivação foi torpe, o pai realizou asfixia, traiu a confiança do menino, dissimulou uma situação, usou um recurso que dificultou a defesa da vítima e cometeu o crime contra um menor de 14 anos.
Pena deve ser ainda aumentada pela vítima ser filha do homem. Para a juíza, o homicídio teve as mesmas qualificadoras da tentativa de homicídio, com o adicional da ocultação de outro crime.
O UOL entrou em contato com a defesa do homem, mas não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
Relembre o caso
Theo, de cinco anos, morreu após ser arremessado de uma ponte pelo próprio pai em São Gabriel (RS). Tiago Ricardo Felber, se entregou e confessou ter matado o filho.
Ele teria matado a criança para se vingar da ex-mulher, mãe do menino, segundo a investigação da Polícia Civil. Eles estavam separados desde novembro do ano passado, mas o homem não se conformava com o término. A mulher o descreveu como "possessivo" em depoimento.
Suspeito teria tentado matar a criança na noite anterior ao crime. Ao UOL, o delegado Daniel Severo disse que a criança foi esganada antes, mas não morreu. Isso teria motivado o homem a buscar outra forma de matar a criança.
A mãe prestou depoimento e disse que a criança passava alguns dias na casa do pai, em São Gabriel. De acordo com a polícia, ela não apontou histórico de violência do suspeito, mas confirmou que o homem não aceitava o término do relacionamento.
Preso após confissão, ele precisou ser transferido de presídio. Tiago disse que estava sendo hostilizado por outros presos e, por questões de segurança, foi movido para outra unidade — que não foi divulgada.
Na época, a defesa de Tiago disse que sua prisão era ''irregular''. Segundo o advogado, o cliente disse durante a audiência de custódia que foi agredido por policiais penais e militares após ser preso. Além disso, ele afirmou que foi ouvido na delegacia sem a presença de um advogado, o que, segundo a defesa, invalidaria as declarações prestadas, inclusive a confissão de Felber de que matou o próprio filho.
Como denunciar violência contra crianças e adolescentes
Denúncias sobre violência contra crianças e adolescentes podem ser feitas pelo Disque 100 (inclusive de forma anônima), na delegacia de polícia mais próxima e no Conselho Tutelar de cada município.
Se for um caso de violência que a pessoa estiver presenciando, pode ligar no 190, da Polícia Militar, para uma viatura ir ao local. Também é possível se dirigir ao Fórum da Cidade e procurar a Promotoria da Infância e Juventude.
Quem não denuncia situações de perigo, abandono e violência contra crianças e adolescentes pode responder pelo crime de omissão de socorro, previsto no Código Penal. A lei Henry Borel também prevê punições para quem se omite.
Funcionários públicos que se omitem no exercício de seus cargos, em escolas, postos de saúde e serviços de assistência social, entre outros, podem responder por crime de prevaricação.
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