Quem é a jovem do 'RH do CV' que cadastrava criminosos e ostentava armas
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Uma jovem de 24 anos, considerada foragida pela polícia, foi capturada em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, com duas amigas, suspeitas de recrutar integrantes do CV (Comando Vermelho) no Pará e ostentar armas em comunidades cariocas. Ela seria uma espécie de "RH (Recursos Humanos)" do tráfico.
O que aconteceu
Bianca Duarte Franco foi presa na manhã da última sexta-feira (2) em Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio. Ela é acusada pela Polícia Civil do Pará de integrar o Comando Vermelho e atuar como responsável por cadastrar novos membros da facção no estado. A jovem era considerada foragida e foi localizada em uma comunidade do município fluminense.
Conhecida como Anya, Bianca seria responsável por selecionar, registrar e organizar o ingresso de criminosos na estrutura do CV no Pará. A Polícia afirma que sua função era equivalente à de uma diretora de RH (Recursos Humanos) dentro da organização criminosa. Ela seria ligada diretamente a chefes do tráfico que operam no Norte do país, com trânsito entre estados.
O perfil dela nas redes sociais, identificado como @22fielzinhaph22, exibe imagens com fuzis, roupas camufladas e frases associadas ao tráfico. Ela se apresenta como "Fielzinha da Penha" e faz referência a "41 vive", expressão usada por criminosos ligados ao Complexo da Penha, na zona norte do Rio. Em postagens públicas, ostenta armas de guerra, bebidas, festas e alianças com criminosos armados, segundo a polícia.
A página Procurados.org também divulgou a prisão da jovem, associando seu nome à atuação no Comando Vermelho e destacando sua rotina de ostentação armada. A plataforma, especializada na divulgação de informações sobre foragidos e capturados, exibiu a foto de Bianca com fuzil em uma favela do Rio. A legenda aponta que ela exercia papel de comando e seria responsável pelo RH da facção no Pará.
A prisão foi feita por policiais civis do Pará com apoio da 64ª DP (São João de Meriti). A ação integra a operação Parabellum/Renorcrim, voltada ao combate de facções criminosas interestaduais. Desde 18 de abril, 35 mandados de prisão preventiva foram cumpridos no âmbito da ofensiva.
Outras duas mulheres que estavam com Bianca foram presas em flagrante por tráfico de drogas e associação para o tráfico. A paraense Layane Tharlita Santos Santana foi flagrada transportando drogas entre favelas cariocas sem levantar suspeitas. A brasiliense Kalita Eduarda Ataíde, que acompanhava o grupo, também foi detida.
A Justiça do Rio de Janeiro manteve a prisão das três investigadas por tráfico de drogas e associação para o tráfico. A decisão foi assinada pelo juiz Pedro Ivo Martins Caruso D'ippolito, da 2ª Vara Criminal de São João de Meriti. O flagrante foi convertido em prisão preventiva com base nas evidências reunidas pela Polícia Civil, segundo apurou o Procurados.org. Contra Ayna, havia um mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça do Pará por integrar a facção naquele estado.
As outras duas capturadas exerciam funções mais secundárias. Uma atuava como "mula" da facção criminosa, sendo encarregada de transportar drogas entre favelas sem ser percebida. Já a outra detida era a responsável pela venda de entorpecentes na comunidade onde ocorreu a ação desta sexta, segundo informou a Polícia Civil do Rio de Janeiro.

Vigilância e prisão
A operação foi coordenada pela DRFC (Delegacia de Repressão a Facções Criminosas), unidade vinculada à DRCO (Divisão de Repressão ao Crime Organizado) da Polícia Civil do Pará. A delegacia é especializada no enfrentamento de estruturas criminosas armadas e atua em articulação com a Segurança Pública nacional. A ação também contou com o apoio da Secretaria Nacional de Segurança Pública.
A Polícia Civil fluminense realizou um intenso trabalho de monitoramento e vigilância para capturar Bianca. "Os agentes localizaram a mulher em uma casa ao lado de um ponto de venda de drogas, na comunidade Morubá, em Cabo Frio. Ela foi flagrada pelos policiais vendendo entorpecentes no local", informou o órgão, em nota. Segundo os agentes, ela estava refugiada no Complexo da Penha e, depois, na comunidade da Gardênia Azul, em Jacarepaguá. No dia anterior, ela e as comparsas buscaram se esconder na Região dos Lagos.
Autoridades de segurança classificaram a prisão como um golpe importante contra o CV no Norte do país. "Esta é uma importante prisão, tendo em vista que essa pessoa exercia uma função de liderança na organização no estado do Pará, mas que estava há muito tempo foragida no Rio", afirmou Ualame Machado, secretário de Segurança do Pará.
O delegado Breno Ruffeil, que coordena a DRFC, afirmou que a presa ostentava poderio bélico nas redes sociais. "A investigada ficou conhecida na imprensa nacional por ostentar um fuzil em um baile funk, no Complexo da Penha, no Rio de Janeiro", disse. Ele também confirmou que Layane atuava no transporte de entorpecentes com discrição.
Walter Benassuly, delegado-geral da Polícia Civil do Pará, ressaltou o caráter interestadual da operação. "A operação de hoje é mais uma ação integrada da Polícia Civil do Pará no combate ao crime organizado interestadual", declarou. "Os agentes cumpriram um mandado de prisão preventiva aberto contra a principal suspeita e as demais faccionadas responderão por tráfico de drogas e associação para o tráfico".
A reportagem não conseguiu localizar a defesa das suspeitas até o momento.
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