'Nos preparamos para o pior': casal constrói bunker para o fim do mundo

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A União Europeia recomendou no fim de março que seus cidadãos estocassem suprimentos suficientes para sustentá-los por pelo menos 72 horas, em caso de crise.
Enquanto a recomendação gerava debates, o casal brasileiro Maria Elizia Soares, 26, e André Luiz Freitas, 27, seguia um plano: a construção de um bunker em sua chácara, em Joinville (SC).
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"São tempos incertos. É importante estar preparado, porque nunca sabemos o que pode acontecer amanhã", afirma Maria ao UOL.
O termo bunker, de origem alemã, significa "abrigo subterrâneo". Essas estruturas foram projetadas para resistir a conflitos e outras ameaças, oferecendo proteção e suprimentos para longos períodos de isolamento.
'Casal do apocalipse'
André e Maria se conheceram na infância, perderam o contato ao longo dos anos e retomaram a relação em 2016, por meio das redes sociais. Desde então, compartilham um interesse em comum: cenários de sobrevivência.
Enquanto outros casais escolhem hobbies como fazer artesanato ou ir ao cinema, eles preferem assistir a séries sobre o apocalipse, especialmente The Walking Dead.
O André sempre teve esse interesse e dizia que um dia precisaríamos de um lugar seguro. Com o tempo, comecei a entender essa preocupação. Depois de muito planejamento, iniciamos a construção do bunker em 2023.
Maria Elizia Soares
O plano inicial de André era construir um chalé com um abrigo subterrâneo. Com o terreno adquirido, ele e Maria decidiram colocar a ideia em prática, assumindo todas as etapas do projeto.

Aprendemos praticamente tudo sozinhos, mas consultamos engenheiros para garantir que os cálculos estivessem corretos no início. Nunca imaginei que estaria misturando argamassa ou levantando paredes, mas acabamos nos envolvendo em cada detalhe. Eu brinco que a gente tinha um sonho, uma pá e um balde quando tudo começou.
Maria Elizia Soares
Os dois, que hoje ganham dinheiro como influenciadores, registram cada etapa da construção nas redes sociais, do planejamento inicial à instalação de placas solares e fixação do bunker no subsolo.
O conteúdo rapidamente viralizou. Com vídeos que mostram o dia a dia da obra, o casal atrai tanto curiosos quanto pessoas interessadas em construir seus próprios abrigos. Algumas postagens ultrapassam 5 milhões de visualizações.
Mesmo com parcerias e a monetização do TikTok, Maria estima que já gastaram cerca de R$ 50 mil no projeto.

"Ainda falta muita coisa. Como fazemos tudo só nós dois, o bruto do bunker está pronto, mas ainda precisamos finalizar o reboco, o acabamento e começar a estocar os suprimentos. Depois, vamos partir para a montagem do chalé", diz.
"Estamos correndo para terminar tudo o mais rápido possível. A ideia é que caibam quatro pessoas com conforto. Mas, se precisar, dá para acomodar umas 10, só que sem muito espaço", completa Maria.
O sobrevivencialismo
A decisão de construir um bunker não é apenas de Maria e André. Nos últimos anos, o conceito de sobrevivencialismo tem atraído mais adeptos, principalmente nas redes sociais.
O movimento ganhou força nos Estados Unidos durante a pandemia, impulsionado pelo medo de desabastecimento. No Brasil, começou a crescer em 2024, em meio a preocupações com crises econômicas e conflitos internacionais.
Sobrevivencialistas se dedicam a estocar alimentos, medicamentos e itens de higiene para uma possível catástrofe global. Em alguns casos, citam conceitos ligados à religião para justificar a empreitada.
"Tentamos falar o mínimo possível sobre isso nas redes sociais, porque somos influenciadores e não queremos assustar ninguém. Mas somos cristãos e tudo isso o que está acontecendo está escrito na parte do Apocalipse", comenta Maria.
"Nosso objetivo não é nos esconder, mas estar preparados. Acreditamos que a Bíblia nos orienta a sermos previdentes", explica.

No começo, eu estranhava, não vou mentir. Mas, vendo as crises econômicas, a pandemia e o atual cenário global de guerras, achei melhor tomar esse cuidado. Maria Elizia Soares
Além da construção de um abrigo, o casal toma outras medidas para a proteção deles e do bunker. "Temos licença para ter armas de fogo e treinamento para isso. Sabemos caçar e carnear animais. Também temos animais para sermos autossustentáveis. Estamos criando cavalos para serem meios de transporte e aprendemos a cultivar plantas frutíferas."
Nos preparamos para o pior, mas torcemos para que nunca seja necessário usar. Maria Elizia Soares
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