Racismo no Mackenzie reforça 'padrão inaceitável' em Higienópolis
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A história da bolsista de 15 anos vítima de racismo no Colégio Mackenzie reforça um histórico de ataques do tipo em Higienópolis, bairro nobre de São Paulo.
Casos que se repetem
Comissão antirracista de pais do Colégio Equipe vê relação com caso no shopping Higienópolis. Há um mês, dois alunos negros foram alvo de abordagem racista de uma segurança do local, perto do Colégio Mackenzie. O episódio mobilizou 500 manifestantes em um ato dentro do estabelecimento.
"Padrão inaceitável de racismo e negligência institucional", avalia. "É mais um caso de violência racial no bairro Higienópolis. Não há mais espaço para omissão", diz Priscilla Cabral, uma das integrantes da comissão antirracista. O Shopping Higienópolis teve ao menos cinco casos de racismo nos últimos sete anos, indica levantamento feito pelo UOL.
"Problema crônico". Educador e fundador da Uneafro Brasil, Douglas Belchior cobra um posicionamento mais eficiente do poder público e das escolas. "É preciso efetivar uma política pública para combater o racismo sistêmico, que é um problema crônico no Brasil. A escola é um reflexo da sociedade, que é pobre, desigual, violenta e racista", diz.
As vítimas de bullying em escolas são, em sua maioria, pessoas pretas e bolsistas, que sofrem discriminação pela cor da pele e por questões sociais. Também há discriminação em relação a religiões de matriz africana no ambiente escolar. É a discriminação contra os mais vulneráveis. Ana Paula Siqueira, SOS Bullying
Colégio Mackenzie diz ter iniciativas em andamento de combate ao bullying. "Sabemos que situações como essa mobilizam dúvidas e preocupações, especialmente entre famílias e sociedade. Por isso, reforçamos que estamos agindo com a máxima seriedade, discrição e humanidade, respeitando a privacidade da estudante e de todos os envolvidos", disse escola em nota.
Após o caso de racismo a estudantes no Shopping Higienópolis, a Defensoria Pública recomendou o afastamento da equipe de seguranças. Embora tenha confirmado o recebimento do ofício, o shopping não informou se a solicitação foi atendida. Em nota, estabelecimento manifestou repúdio aos casos e que racismo "não reflete os valores do shopping".
Segregação racial em escola
Autoridades denunciaram caso de segregação pela cor da pele entre crianças de uma creche no interior catarinense. Caso ocorreu em fevereiro deste ano. No mesmo mês, o Colégio Santa Cruz, em São Paulo, suspendeu 34 alunos por racismo e bullying contra colegas em um grupo de WhatsApp.
Mulher registrou ocorrência por racismo contra seu filho de 11 anos. Ela denunciou o caso em novembro de 2024 após verificar que ele havia recebido mensagem de um colega em uma escola na capital paulista, que se referia a ele como "macaco". No ano passado, a Câmara de Vereadores recebeu audiência pública da Câmara dos Deputados, que tratou sobre o racismo nas escolas.
Justiça de SP condenou governo estadual a pagar indenização de R$ 10 mil a estudante que sofreu racismo. Caso ocorreu em 2023 na escola estadual Pedro Roberto Vaghi, em Guarulhos, quando professor teria comentado aos outros alunos que vítima parecia com um ''cachimbo de macumba'' e que não ia à praia para ''não ficar preto como ele''. Informações constam na denúncia.
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